A ministra da Justiça considerou que a fuga de cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus é "de gravidade extrema" e falou numa "sucessão de fragilidades", desde "desleixo" a "falta de comando". Rita Júdice revelou que a diretora-geral interina de Reinserção e Serviços Prisionais será Isabel Leitão, atual subdiretora.
Corpo do artigo
Em conferência de imprensa, a governante frisou que houve uma "cadeia sucessiva de erros e falhas graves, grosseiras e inaceitáveis", que se desejam "irrepetíveis". Informou que a fuga começou às 9.55 horas de sábado e que foi detetada às 11 horas por dois guardas. Questionada, revelou só ter sido informada da evasão "por volta das 12.30 horas", cerca de duas horas e meia depois do início da fuga e uma hora e meia após esta ter sido descoberta.
Já na posse do relatório da auditoria à atuação dos serviços de vigilância e segurança, Rita Júdice revelou que houve uma "sucessão de fragilidades" que facilitaram a fuga, embora tenha referido que os documentos permanecerão confidenciais. Ainda assim, afirmou que houve relatos de "desleixo, facilidade, irresponsabilidade" e "falta de comando", aliados a "decisões erradas ou ausência de decisões nos anos mais recentes". Garantiu ainda que não hesitará em dar seguimento aos processos penais e disciplinares que venham a revelar-se necessários.
Sobre o facto de só se ter pronunciado sobre o caso mais de três dias depois da evasão, a ministra argumentou que não quis "contribuir para o ruído" antes de estar na posse de todos os elementos. "Falar por falar não é o meu timbre", frisou.
Rita Júdice confirmou ter aceite a demissão do diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Rui Abrunhosa, que será substituído de forma interina pela até aqui subdiretora, Isabel Leitão. O subdiretor-geral com o pelouro dos estabelecimentos prisionais também foi demitido.
A ministra tomou duas outras decisões: mandatou a Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça para realizar uma auditoria "urgente" aos sistemas de videovigilância e segurança dos 49 estabelecimentos prisionais do país - e que deverá estar pronta até ao fim do ano; além disso, também solicitou uma auditoria de gestão ao sistema prisional, de modo a avaliar a afetação de recursos da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais. Esta segunda auditoria deverá ser mais demorada.