Este ano já morreram 30 pessoas afogadas em zonas junto a rios, estuários e barragens, mais nove do que em igual período do ano passado.
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Esse aumento estará associado à procura do interior pelo turismo como forma de fugir à pandemia: mais turistas, somados ao calor, o resultado é o aumento de vítimas mortais em rios e albufeiras.
De janeiro a junho deste ano, registaram-se 21 afogamentos, todos em áreas não vigiadas, segundo o Observatório do Afogamento criado pela Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores (FEPONS).
Em julho, foram mais nove - dois em espaços com vigilância e os restantes em locais sem nadadores-salvadores. Em 2019, entre janeiro e junho, morreram 15. Em julho de 2019 foram seis. O aumento é "preocupante", diz Alexandre Tadeia, presidente da FEPONS, considerando que a mudança de comportamentos devido à pandemia poderá estar a contribuir para a situação.
"As pessoas fogem para o interior porque as piscinas não abriram e por julgarem que as praias marítimas terão maior lotação", optando por locais que não conhecem, praias sem vigilância. Também "o receio das pessoas de se afastarem muito da área de residência", seja devido aos constrangimentos para fazerem férias noutras paragens ou pelas dificuldades financeiras que a covid-19 está a causar estará a influenciar as escolhas, acrescenta Tadeia.
Desde o início do ano, a Autoridade Marítima Nacional registou dois salvamentos em praias fluviais vigiadas e três em praias não vigiadas.
Douro atrai milhares
"Fruto da pandemia, tem-se notado um aumento de utentes nas praias fluviais e estuarinas, porque as pessoas têm receio. Preferem ficar perto de casa e evitam praias costeiras, nomeadamente com a colocação de lotação máxima", reforça Adriano Bordalo e Sá, Professor no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. No caso do estuário do rio Douro, onde as temperaturas da água chegam aos 24 graus, bem acima dos 16 a 17 graus do Atlântico, há locais que recebem, por fim de semana, "entre mil a 2500 pessoas", diz.
"Nota-se que as praias urbanas têm muito mais afluência", o que deve obrigar a um olhar atento das autoridades, considera Bordalo e Sá. "São um património importante que tem de ser protegido e as pessoas têm de usufruir em segurança". Naquelas águas não existe ondulação, mas "há fundões e correntes" que podem surpreender as pessoas e arrasta-las. Os dois especialistas insistem na tónica da segurança, recomendando que os banhistas optem sempre por praias vigiadas.