Cerca de três centenas de funcionários públicos juntaram-se, esta terça-feira, num cordão humano em Lisboa, num protesto da Frente Comum, a pedirem atualizações salariais em setores como a saúde, a educação e a administração local. Há quem trabalhe há 30 anos e receba o salário mínimo nacional.
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Ana Paes, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais e funcionária pública no setor da saúde, garante que conhece "trabalhadores que chegaram ao fim de 30 anos de serviço com o ordenado mínimo nacional" e que "muitos destes casos são de pessoas à beira da reforma".
Cartazes a dizer "Vota na defesa do SNS", "Pela revogação do SIADAP" e gritos como "É justo e necessário o aumento do salário" tomaram conta da Praça do Rossio, em Lisboa, onde se juntaram vários sindicatos da administração pública afetos à Frente Comum que se dirigiram depois a pé em cordão humano até ao Terreiro do Paço. Trabalhadores e sindicalistas reivindicam atualizações salariais, a contratação de mais funcionários públicos e a revogação do modelo de avaliação - Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP).
Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum, lembrou que a administração pública tem cerca de 740 mil funcionários , que poderão "ajudar a determinar quem vai governar o país" após as eleições de 10 de março.
"Estamos aqui para mostrar ao Governo (...) e a quem agora se apresenta a eleições, que estamos em período de pré-campanha, aquilo que são as reivindicações dos trabalhadores da administração pública e o peso e a importância que eles têm na sociedade portuguesa", afirmou em declarações aos jornalistas. O coordenador da Frente Comum refere que entre os problemas idemtificafos está uma "fuga de trabalhadores enorme" e que essa desvalorização das carreiras da administração pública resulta em "impedir os jovens de se fixarem", bem como o "degradar das funções sociais do Estado e de muitos serviços públicos, como o caso do Serviço Nacional de Saúde e da escola pública".
Frases como "Pelo reforço dos serviços públicos" presentes em cartazes, evidenciam a exigência de mais contratações de funcionários para diferentes setores da administração pública, já que são profissões "essenciais ao país", refere Elizabeth Gonçalves, uma das dirigentes do protesto.
Os sindicalistas presentes exigem a reconstituição e discussão de carreiras, apontando a existência de setores onde os trabalhadores são "um pau para toda a colher", sublinha Ana Paes, defendendo que o correto "é colocar os trabalhadores em igualdade e dar-lhes a devida valorização pelo seu trabalho."
De acordo com Sebastião Santana, "há agora uma oportunidade de inverter este rumo de degradação" de salários, carreiras e serviços públicos. Os trabalhadores planeiam organizar outros protestos "sempre que o Governo não atender reivindicações", afirma Elizabeth Gonçalves. "A luta vai continuar até conseguirmos", frisa Ana Paes.