Caravanas apostam em poucas ações de campanha e privilegiam a rua. Comícios à noite são raros. Porto, Lisboa, Setúbal e Braga são os distritos-chave da Direita à Esquerda
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Pouco mais de um ano depois das últimas eleições, é a hora de as caravanas ligarem novamente os motores para as legislativas antecipadas de 18 de maio, mas sem grandes novidades. Há poucos comícios à noite, são privilegiados os contactos de rua e os distritos com mais eleitores, que elegem mais mandatos, vão estar no centro das atenções. Pelo meio vamos assistir à eleição do novo Papa e a uma festa do título do campeonato de futebol.
No tempo das redes sociais, do imediatismo da internet e da televisão, o planeamento dos partidos para conquistar votos e convencer os mais indecisos já não é o que era. Desde logo pelas ações de campanha programadas: manhã, tarde e poucas à noite. É o caso da AD, que aposta, sobretudo, nos "fins de tarde" até à hora do horário dos telejornais. O PS também só tem três iniciativas à noite e o Bloco praticamente só aposta nos comícios noturnos nos últimos dias da campanha.
Romarias e arruadas
A verdade é que os holofotes não vão estar só virados para as caravanas, e os partidos sabem disso. O campeonato de futebol entra na reta final e o 10 de maio pode ser decisivo para o Benfica ou o Sporting levantarem mais um troféu de campeão nacional. Não admira, por isso, que a jornada seja mais curta para quem anda na estrada. A AD termina o dia com um almoço em Braga, o PS não tem agenda à tarde, mas mantém um comício à noite em Bragança, e a IL só tem um evento de rua marcado para a manhã. O Bloco e a CDU fecham o dia à tarde, no Porto. Mas há mais: as atenções também vão ser partilhadas com o Vaticano, onde o conclave para eleger o novo líder da Igreja Católica começa a 7 de maio. No 13 de Maio, a AD está em Santarém e Leiria.
E, afinal, por onde é que vão andar as comitivas? Lisboa, Porto, Braga e Setúbal são os distritos-chave, uma vez que elegem juntos 126 mandatos dos 236 disponíveis na Assembleia da República. Montenegro vai três vezes a Braga e a Lisboa e duas ao Porto. A partida "oficial" é dada hoje em Bragança e em Barcelos, na romaria da Festa das Cruzes. A AD dá depois a volta a quase todos os distritos, para trás ficam Beja, Faro e Portalegre, onde a coligação já esteve na pré-campanha. Os últimos cartuchos são queimados, como é habitual, no Porto e em Lisboa.
Pedro Nuno Santos tem o périplo agendado para 17 distritos, mas não vai a Beja. A caminhada dos socialistas começa em Viana do Castelo e em Braga. Tem três comícios à noite em Portalegre, Bragança e Lisboa, onde encerra o périplo. O penúltimo dia está reservado para o Porto para a arruada em Santa Catarina.
O Chega começa na Guarda e aposta em almoços e em ações durante a tarde. Já a IL fala em três ações por dia e passará pelos distritos de Setúbal, Lisboa, Castelo Branco, Viseu, Aveiro, Braga, Porto, Coimbra, Faro e Leiria. À Esquerda, é evidente a aposta do Bloco em Setúbal. É por lá que vai ficar nos próximos três dias, aonde volta para encerrar a campanha. A CDU reforça a presença onde ficou às portas de eleger mandatos no ano passado, como Beja e Évora. O Livre prevê passar pelos 18 distritos e uma média de duas ações por dia. O PAN, que joga a sobrevivência e a manutenção no Parlamento, dá especial enfoque aos distritos de Lisboa e do Porto.
Históricos aparecem
Tradição é tradição e os portugueses podem contar com os contactos cara a cara e as arruadas emblemáticas na Rua Santa Catarina, no Porto, e no Chiado, em Lisboa. As próximas duas semanas também serão férteis no reaparecimento de figuras bem conhecidas dos portugueses. Na coligação PSD e CDS, a maior incógnita prende-se novamente com Pedro Passos Coelho, que em 2024 participou num comício da AD e lançou farpas às políticas de imigração dos socialistas. Mais certa é a presença de Cavaco Silva, Santana Lopes ou de Manuela Ferreira Leite. Já no PS a grande expetativa é perceber se António Costa, agora presidente do Conselho Europeu, entra na onda rosa.