Alunos da Escola Superior de Saúde Santa Maria, no Porto, treinam em salas com equipamentos reais. Licenciatura tem taxa de colocação de 100%.
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“O que se passa, sr. Manuel? Sente-se bem?”, perguntam os enfermeiros. “O doente está em paragem”, prosseguem. A partir daqui, seguem-se manobras de reanimação e as técnicas de suporte básico de vida. Uns segundos mais tarde, a situação clínica do paciente foi revertida. É tudo tão real que, por momentos, quase nos esquecemos que se trata de um treino. No centro de simulação da Escola Superior de Saúde Santa Maria, no Porto, os alunos praticam situações que se assemelham muito à realidade, com equipamentos e instrumentos iguais aos de um hospital. O curso de Enfermagem está entre as licenciaturas com taxa de empregabilidade de 100%.
A sala, tal e qual um quarto de uma unidade hospitalar, está equipada com dispositivos médicos reais. Os bonecos deitados nas quatro camas são os pacientes que, diariamente, recebem os cuidados dos futuros enfermeiros da Escola Superior de Saúde Santa Maria. Um dos pontos fortes do curso de enfermagem é precisamente o centro de simulação, que existe desde 2018, e que permite aos estudantes trabalharem em situações muito próximas da realidade, com aparelhos e instrumentos iguais aos que encontrariam num hospital. E com manequins que interagem.
“Com a simulação, conseguimos construir casos com situações clínicas muito próximas àquelas que acontecem em contextos reais, desde a urgência, a pediatria, a saúde materna, a medicina cirúrgica, entre muitos outros”, explica Goreti Marques, responsável pela licenciatura de Enfermagem.
Do outro lado do vidro, os professores monitorizam os estudantes e vão dando ordens, acionando situações clínicas, para que os futuros enfermeiros ponham em prática os seus conhecimentos. “Nós temos o primeiro contacto com os procedimentos a nível teórico, numa sala de aula, mas quando entramos aqui, é o real. É agora que temos de fazer o procedimento. Este centro de simulação com manequins de alta fidelidade, que nos dão uma resposta, permite-nos estar quase em contexto real”, reconhece Rúben Espírito Santo, aluno do 4.° ano.
Mais preparados
Antes de ingressar na escola, Margarida Silva, da Trofa, não fazia ideia de que o centro existia, mas acabou rendida. “Acho que o facto de termos aqui um centro de simulação nos ajuda a ganhar uma experiência diferente para o futuro. Mesmo que sejam serviços diferentes, de intensivos, paliativos, de urgência...”, afirma a estudante que concluiu este mês a licenciatura. Após cada exercício, os alunos fazem um “briefing” para tentar perceber “o que correu menos bem” e o que “podem melhorar”. “A questão do erro é importante aqui, onde podem errar. O erro está controlado, eles sentem-se seguros, e isto vai desenvolvendo a autoconfiança dos estudantes”, explica Goreti Marques.
Ao longo do curso, os graus de complexidade dos exercícios vão aumentando, de modo a “nunca frustrar o estudante”, sendo adaptados às competências de cada ano letivo. Os alunos do 4.° ano, antes de irem para o último estágio, com duração de aproximadamente cinco meses, passam duas semanas intensivas no centro de simulação, onde atuam em “diferentes cenários clínicos”.
Para os alunos, os dias passados no centro não só ajudam a aperfeiçoar as técnicas, mas também a reduzir os níveis de ansiedade e nervosismo, naturais de quem chega ao ambiente hospitalar pela primeira vez, e se depara com casos e pessoas reais. “É um fator tranquilizador para quando vamos para um contexto de estágio porque já treinamos a parte técnica e a parte da comunicação aqui”, assume Rúben, natural de Vila do Conde. O colega, Rafael Bastos, de 21 anos, garante que quando chegou ao estágio sentiu que estava melhor preparado do que alguns alunos de outras instituições. “É bastante bom as faculdades terem estas oportunidades e terem este material todo para treinarmos. Estes bonecos, que são mesmo realistas, acabam por ser um processo facilitador quando chegamos à prática clínica”, afirma.