Gastos com medicamentos nunca foram tão pesados para o SNS e para o bolso dos utentes
Despesa do SNS com fármacos, em ambiente hospitalar e ambulatório, cresceu 11,5% em 2024, num total de 3, 96 mil milhões de euros, revelam relatórios do Infarmed. Os encargos dos doentes com medicamentos prescritos pelos médicos totalizaram 920 milhões de euros, uma média de 2,5 milhões por dia.
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A despesa do SNS com medicamentos, nos hospitais e centros de saúde, e também nas farmácias, através das comparticipações do Estado, continua a crescer a um ritmo vertiginoso. Em 2024, aproximou-se dos quatro mil milhões de euros, mais 11,5% do que no ano anterior. Ao mesmo tempo, os utentes nunca gastaram tanto dinheiro a comprar fármacos com receita médica: os encargos das famílias ascenderam a 920 milhões de euros, uma média de 2,5 milhões por dia.
Os montantes constam dos relatórios de monitorização da despesa com medicamentos em meio hospitalar e em meio ambulatório divulgados pelo Infarmed. Os documentos, a que o JN teve acesso, são relativos a dezembro do ano passado, mas mostram os valores acumulados permitindo um olhar sobre todo o ano.
Assim, em 2024, a despesa total do SNS com fármacos foi de 3,96 mil milhões de euros, mantendo-se o crescimento anual acima dos dois dígitos (11,5%), conforme indicam os relatórios. Mas numa nota que acompanha os mesmos, o Infarmed salienta que ao valor da despesa têm de ser deduzidas as contribuições da indústria farmacêutica, quer no âmbito dos contratos de financiamento dos medicamentos com preços confidenciais e limites de encargos quer no âmbito do acordo firmado com o Estado. Aqueles montantes não são conhecidos, mas segundo o regulador, o valor final da despesa do SNS com medicamentos são 3,5 mil milhões de euros (menos 460 milhões), representando um aumento de 9% face a 2023.
Sejam 11,5% ou 9%, como se explicam estes aumentos? Com a maior utilização do sistema de saúde – há mais consultas e cirurgias das quais resultam mais prescrições e mais embalagens vendidas – ; com a entrada no mercado de medicamentos inovadores e sempre mais caros; e com a integração, pela primeira vez em 2024, da despesa com fármacos dos centros de saúde, como é o caso das vacinas, em resultado da reestruturação do SNS em Unidades Locais de Saúde (ULS).
Oncologia pressiona
Separando por áreas, é nos hospitais que se verifica o maior aumento da despesa. Face a 2023, os custos com medicamentos dispararam 16,1% face a 2023, num total de 2,28 mil milhões de euros (mais 316 milhões de euros). A Oncologia foi a área terapêutica que mais contribuiu para este crescimento, em grande parte devido aos fármacos associados à imuno-oncologia. Com destaque para o Pembrolizumab que, com cada vez mais indicações terapêuticas, volta a ser a substância ativa com maior peso e maior aumento da despesa em comparação com 2023 (mais 27,3 milhões de euros).
Depois da Oncologia, seguem-se os gastos com vacinas (mais 43,9 milhões), em especial a da gripe e da meningite, e com medicamentos para o VIH (mais 24,6 milhões) e a Artrite Reumatóide/Psoríase/ Doença Inflamatória Intestinal (mais 20,1 milhões).
Nas farmácias, a despesa do SNS com a comparticipação de medicamentos aumentou 5,6% em 2024 face ao ano anterior, totalizando 16,8 mil milhões de euros. E os valores preliminares de janeiro deste ano acentuam a tendência de crescimento (8,5%), segundo o Infarmed. Para os utentes os encargos ascenderam a 920 milhões de euros, mais 7,1% do que no ano anterior.
Oncologia pressiona
Separando por áreas, é nos hospitais que se verifica o maior aumento da despesa. Face a 2023, os custos com medicamentos dispararam 16,1% face a 2023, num total de 2,28 mil milhões de euros (mais 316 milhões de euros).
A Oncologia foi a área terapêutica que mais contribuiu para este crescimento, em grande parte devido aos fármacos associados à imuno-oncologia. Com destaque para o Pembrolizumab que, com cada vez mais indicações terapêuticas, volta a ser a substância ativa com maior peso e maior aumento da despesa em comparação com 2023 (mais 27,3 milhões de euros).
Depois da Oncologia, seguem-se os gastos com vacinas (mais 43,9 milhões), em especial a da gripe e da meningite, e com medicamentos para o VIH (mais 24,6 milhões) e a Artrite Reumatóide/Psoríase/ Doença Inflamatória Intestinal (mais 20,1 milhões).
Nas farmácias, a despesa do SNS com a comparticipação de medicamentos aumentou 5,6% em 2024 face ao ano anterior, totalizando 16,8 mil milhões de euros. E os valores preliminares de janeiro deste ano acentuam a tendência de crescimento (8,5%), segundo o Infarmed. Para os utentes os encargos ascenderam a 920 milhões de euros, mais 7,1% do que no ano anterior.
Pormenores
Top dos hospitais com maior despesa
A ULS de Santa Maria é a campeã da despesa com medicamentos em cuidados hospitalares (273 milhões de euros). Seguida das ULS de Coimbra (207 milhões), de São José (201 milhões), de Santo António (157 milhões) e de São João (140 milhões).
Antidiabéticos lideram
A classe dos antidiabéticos teve a maior subida de custos (12,9% em 2024 face a 2023), totalizando 417 milhões de euros.
Ozempic destaca-se
O semaglutido, substância ativa do famoso Ozempic, antidiabético com indicação também para a obesidade, é o quinto fármaco vendido em ambulatório com maiores encargos para o SNS (40 milhões de euros).
Acesso à inovação
Em 2024, o SNS disponibilizou aos doentes 91 terapêuticas inovadoras.
Mais genéricos e biossimilares
A quota de utilização de genéricos em ambulatório atingiu novo recorde de 52,2%, mais um ponto percentual face a 2023. Nos hospitais, a quota dos biossimilares (genéricos dos fármacos biológicos) atingiu 82%.