Poupança para os utentes e o Estado voltou a crescer e foi a maior dos últimos 12 anos. Mas quota está estagnada.
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Os utentes e o Estado pouparam mais de 509 milhões de euros com a compra de medicamentos genéricos em 2022. Corresponde a mais 30,3 milhões face a 2021, sendo a poupança mais alta registada nos últimos 12 anos. As contas são da Associação Nacional das Farmácias (ANF) e da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (Apogen). No ano passado, foram dispensados cerca de 102 milhões de unidades de genéricos nas farmácias comunitárias. Representa um crescimento de 10,7% face a 2021.
"Há uma poupança para todos. Para o cidadão, porque compra, a preços inferiores, um medicamento com a mesma eficácia, segurança e qualidade. E há um aumento da sustentabilidade para o pagador principal, que é o Serviço Nacional de Saúde [SNS]", notou Maria do Carmo Neves, presidente da Apogen, sublinhando que mais de 70% das patologias podem ser tratadas com medicamentos genéricos.
"A poupança só de um ano dá para construir dois hospitais de Lisboa Oriental. Se olharmos para a poupança da utilização dos medicamentos genéricos nos últimos 12 anos, o valor dá para pagar a fatura dos medicamentos do SNS durante dois anos", afirmou.
Já em 2023 e até ao momento, a dispensa destes fármacos traduziu-se numa poupança superior a 60 milhões de euros.
49,2% de quota
Segundo o Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento, os dados até novembro do ano passado mostram que quase metade das embalagens vendidas correspondiam a genéricos.
Comparando com os países da União Europeia, Maria do Carmo Neves garante que Portugal está "a meio da lista", mas ainda "longe" das vendas de outros países mais "desenvolvidos". "As quotas de medicamentos genéricos têm estado, nos últimos cinco ou seis anos, mais ou menos estagnadas. Neste momento, estamos com um crescimento e com uma quota de 49,2%. O objetivo é atingir os 60% nos próximos três ou quatro anos", concretiza ao JN.
Para atingir essa meta, refere, é necessário trabalhar com o Ministério da Saúde e "continuar a criar confiança em quem prescreve e em quem dispensa". Quanto aos utentes, "a experiência de cada um mostra que se podem e devem usar [genéricos], porque atingem os mesmos objetivos".
A ANF sublinha que a "informação prestada à população, diariamente, pelos farmacêuticos tem sido determinante para reforçar a confiança das pessoas na utilização de medicamentos genéricos". A associação defende que, para estimular o aumento da quota de genéricos em Portugal, "é necessário rever o modelo de incentivos de dispensa às farmácias, aplicando novos critérios que permitam manter sustentável o acesso a medicamentos e serviços de saúde inovadores.