Agatha Andrighetto, de 10 anos, natural do Brasil e a viver há mais de três anos em Portimão, viu o excelente desempenho escolar ser reconhecido pela iniciativa “Regresso às Aulas”, uma parceria do Jornal de Notícias, Staples e Opticalia.
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Para obter tais resultados, a jovem premiada deixa a solução: “estar atenta ao quer a professora diz e estudar em casa”. “As minhas matérias favoritas são Português e Estudo do Meio. Estudo do Meio porque eu gosto e porque quero ser bióloga quando crescer. E Português, porque eu gosto de escrever textos”, aponta.
Mas não se pense que Agatha apenas se dedica aos estudos. “Toco piano e luto judo. Antes tocava trompete, mas depois descobri que gostava mais de piano. No judo ando desde o 2.º ano. Mas, nos tempos livres, também gosto muito de desenhar, de mexer no telemóvel, ver televisão, andar de skate e, de vez em quando, gosto de estudar e de ler. A família gosta toda de banda desenhada e de anime”, revela a jovem. E continua: “Os meus sonhos são aprender japonês, aprender a desenhar melhor e ir para as Olimpíadas”.
Ainda surpresa por ter ganho, não pensou ainda no que quer comprar. “Acho que meus pais não me vão deixar escolher nada e vão comprar tudo para eles”, atirou a jovem, logo recebendo do pai, Fábio Andrighetto, 46 anos, professor Filosofia, Psicologia e Cidadania, a garantia de que o material será para ela.
Orgulhoso por ver a filha ser distinguida, o encarregado de educação atribui as boas notas ao trabalho feito em casa desde que ela era pequena. “Penso que ajudou muito eu e minha esposa, que é jornalista, termos o hábito de leitura na família muito intenso. Quando viemos para Portugal trouxemos a nossa biblioteca praticamente toda. Então, todas as noites tínhamos o hábito de ler para ela, o quarto dela tem muitos livros”, justifica.
Agatha interrompe o pai e atira: “Já li o ‘Sonho de uma Noite de Verão’, de William Shakespeare”. O pai confirma, acrescentando que o “Principezinho” também faz parte da lista de livros que a filha já leu, dando de seguida um melhor enquadramento familiar para se perceber até que ponto a leitura é importante.
“Na minha família, a minha mãe era professora, as minhas duas irmãs são professoras no Brasil. Uma é de Inglês e a outra de Zoologia. E a irmã da minha esposa é terapeuta da fala, mas também atua como professora no Ensino Superior no Brasil. O meu sogro, que faleceu, que é o Alberto Gattoni, era poeta, tem livros escritos, e estimulava muito a Agatha com rimas e tudo. Ela ainda tem livros que ele lhe deu. Então, essa questão familiar ajudou muito, ela tem um vocabulário muito grande por causa disso”.
Embora tenha iniciado o percurso escolar ainda no Brasil, a pandemia levou a família a fazer as malas e vir para Portugal a meio do 1.º ano da jovem. “Por ela ter um vocabulário extenso dessa leitura toda e do estímulo que nós temos em casa a adaptação foi mais suave”, realça Fábio e deixa um elogio especial: “A professora da Agatha era muito boa, uma pessoa muito talentosa para lidar com as crianças. Era um grupo que tinha muitos imigrantes, muitos brasileiros, ucranianos e um menino inglês”.
Para compensar todo o esforço da filha, a mãe, Aline Gattoni, viu na iniciativa do JN a oportunidade certa. “Quem soube foi a minha esposa, que acompanha o Jornal de Notícias. Não que eu não acompanhe também, mas é que ela acompanha com mais interesse e vimos que poderia ser bom participar”, explica
E enumera as razões que os levaram a concorrer: “A nível da visão ficamos assustados com o crescimento da miopia que a Agatha teve em seis meses. Então, toda a história dela, do empenho, de se ter adaptado bem, de na família haver o hábito de leitura que valoriza a cultura, de ter interesse, todo esse conjunto foi o motivo”.
“Pensamos que a história dela é uma história curiosa, de interesse, que merece um certo estímulo para que ela perceba que as coisas boas podem chegar pelo seu mérito e estudo. Que ela perceba que ela não está só, desamparada, sendo uma estrangeira num país diferente. Que há um processo de crescimento dela mesmo como estudante e como cidadã. Pensamos que a história dela tinha esse interesse e que ela também merecia isso”, completa.
Apesar de não ter dúvidas que a filha merecia este prémio, nem por isso ficou menos surpreso. “Nunca imaginei que fosse acontecer mesmo. Estamos lá no Algarve, em Portimão, distantes de tudo, às vezes pensamos que não somos notados mesmo. Então eu não tinha muita esperança. Minha esposa estava mais otimista quanto a isso, mas eu fiquei surpreso também. Fiquei talvez mais surpreso do que a Agatha”, revela.
Por fim, Fábio Andrighetto, enaltece a iniciativa: “As empresas, de maneira geral, têm uma responsabilidade social, queiram elas ou não, pois fazem parte de uma comunidade que tanto consome o que é produzido, como também é parte dessa cadeia de produção. Há uma necessidade que as empresas percebam que fazem parte da comunidade e da sociedade como um todo, e não que é algo isolado, que podem ter o seu lucro sem gerar uma riqueza que é maior: o crescimento do país e dos cidadãos”.
Perfil
Nome: Agatha Gattoni Andrighett
Idade: 10 anos
Localidade: Portimão
Ano a frequentar: 5.º
Aproveitamento: Sete “Muito Bom” e dois “Bom”
Quando for grande quero ser: Bióloga