Ex-chefe do Estado Maior da Armada diz que Portugal deve aproveitar momento de forma "inteligente" para alavancar a economia. No Porto, não falou das eleições presidenciais e recusou comentar a atualidade política.
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A um mês do arranque da campanha eleitoral para as eleições legislativas, o périplo de Henrique Gouveia e Melo pelo país continua a todo o gás. Desta vez, foi à Porto Business School, em Matosinhos, virar a agulha para a importância da robótica na exploração marinha. E, se já foi acusado de não ter uma ideia política para o país, o almirante começa a assumir um discurso cada vez mais incisivo ao falar na necessidade de investimento em Defesa e da importância de preservar o Estado Social. Aos jornalistas, recusou responder a perguntas sobre as presidenciais de 2026.
Com mais de uma hora de atraso, o ex-chefe do Estado Maior da Armada apenas assistiu ao último painel da What's Next Summit 2025, sobre o futuro das empresas e da sociedade, que juntou a comentadora da CNN Helena Ferro de Gouveia e Luís de Almeida Sampaio, embaixador de Portugal.
Depois, durante 20 minutos, assumiu a condução dos trabalhos onde falou da tecnologia e da robotização da Marinha Portuguesa como ferramenta essencial para "ocupar" e "vigiar" o espaço marítimo português - uma das maiores zonas económicas exclusivas do mundo que se estende por 1,7 milhões de Km2.
O almirante elogiou o trabalho desenvolvido na última década neste ramo das Forças Armadas, que liderou nos últimos quatro anos, referindo a criação do Centro de Experimentação Operacional da Marinha como a base do processo tecnológico e até revelou que os americanos reconhecem que a armada portuguesa lidera a inovação quando se fala em "robôs".
À saída, falando à imprensa em velocidade cruzeiro, reafirmou que não há nenhum caminho alternativo que não passe por alocar mais dinheiro na Defesa do país, garantindo "que temos que ser inteligentes na forma como fazemos esses investimentos, precisamente para tentar preservar ao máximo o Estado Social que todos queremos".
Atrair investimentos de forma inteligente
"A opção é não nos defendermos quando estamos a ser atacados? A opção é não ripostarmos se nos quiserem tirar a liberdade? Não, não há opção", defendeu, vincando que Portugal tem que ter a capacidade para atrair esses investimentos. "O que temos é de fazer de forma mais inteligente, tentando beneficiar também a economia com tudo o que tiver de ser feito na área da Defesa, e há ou não há essa possibilidade? Eu e outros achamos que há essa possibilidade", acrescentou.
Ainda defendeu "uma reserva até aos 50 anos" de militares para reforçarem as fileiras das Forças Armadas, tomando-a como uma alternativa "mais inteligente" do que o regresso à obrigatoriedade do serviço militar. Mas não houve tempo para muito mais.
Questionado se está preparado para voos mais altos, Gouveia e Melo fintou a pergunta e recusou falar além da inovação e, em particular, na Marinha. Não entrou no campeonato das presidenciais, nem da ética na política quando foi interrogado novamente sobre o resultado eleitoral na Madeira.

