O Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Henrique Gouveia e Melo, terá recusado ser reconduzido no cargo e deverá anunciar, em março, a candidatura à Presidência da República.
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A notícia está a ser avançada pela SIC, que refere que Gouveia e Melo comunicou ao ministro da Defesa, Nuno Melo, a sua intenção de não continuar como CEMA. O mandato termina a 27 de dezembro.
Gouveia e Melo terá também sido incentivado por vários autarcas a entrar na corrida a Belém. As eleições presidenciais deverão ocorrer em janeiro de 2026, pelo que o ainda CEMA teria sensivelmente um ano para preparar a candidatura.
Na noite da passada terça-feira, recorde-se, Gouveia e Melo e Nuno Melo encontraram-se num bar, em Lisboa. Questionado sobre esse acontecimento, o ministro desvalorizou, explicando que havia "assuntos a tratar" entre os dois.
"Belém? Não quero dizer que não"
Henrique Gouveia e Melo tem 64 anos, nasceu em Moçambique e tornou-se conhecido dos portugueses durante a pandemia. Em 2021, foi nomeado coordenador do grupo de trabalho criado para planear e gerir a campanha de vacinação contra a covid-19.
Daí para cá, o seu nome foi várias vezes ventilado para uma eventual candidatura à Presidência da República - tendo, inclusive, sido considerado favorito em algumas sondagens. Logo em dezembro de 2021, questionado sobre o tema, Gouveia e Melo alimentou as dúvidas: "Não se deve dizer que nunca dessa água beberei", frisou.
Já este ano, em setembro, voltou a deixar a incerteza no ar. Na "Grande Entrevista", na RTP, respondeu: "Não quero dizer que não [a uma candidatura]". Reforçou que "um militar, depois de terminar o serviço ativo, é um cidadão normal".
Não deverá ter o apoio de PSD nem PS
A confirmar-se, a candidatura de Gouveia e Melo não deverá ter o apoio dos dois maiores partidos, uma vez que tanto Luís Montenegro como Pedro Nuno Santos já manifestaram a intenção de apoiar candidatos vindos dos respetivos partidos. Acresce que a candidatura de um militar é vista com desconfiança por vários setores das maiores forças políticas.
No PSD, o nome apontado de forma mais recorrente é Luís Marques Mendes. Já no PS, tem-se falado sobretudo nas hipóteses António Vitorino e António José Seguro, duas personalidades que estiveram afastadas da política e que, recentemente, têm voltado a fazer ouvir a sua voz.
Nas últimas presidenciais, em 2021, o Chega avançou com André Ventura, o PCP apoiou João Ferreira, o BE Marisa Matias, a IL Tiago Mayan e o RIR Vitorino Silva. Da área do PS candidatou-se Ana Gomes, embora sem o apoio do partido (teve apenas consigo o PAN e o Livre). Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado por PSD e CDS, venceu com 60,7% dos votos, seguido de Ana Gomes (13%) e Ventura (11,9%).