Começou nos submarinos e passou grande parte da carreira militar no mar. Tornou-se um rosto conhecido para os portugueses durante a pandemia e, em 2024, após 45 anos de serviço em funções militares, passou à reserva. A candidatura de Gouveia e Melo às presidenciais de janeiro é apresentada, esta quinta-feira, em Lisboa
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Henrique Gouveia e Melo, 64 anos, sem filiação partidária e posicionado ao centro, quer suceder a Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém. Nasceu a 21 de novembro de 1960, em Quelimane, Moçambique. Viveu a adolescência no Brasil, após o 25 de Abril. Entrou na Escola Naval aos 18 anos e integrou a esquadrilha de submarinos aos 24. Exerceu várias funções operacionais e chefiou a Marinha. Em 2020, passou a adjunto para o planeamento no Estado-Maior General das Forças Armadas.
Gouveia e Melo coordenou, em 2021, o plano de vacinação contra a Covid-19. Até então, era praticamente desconhecido fora do meio militar, mas a eficácia da ‘task-force’ que liderou rapidamente o colocou no radar político. Surgiram os apelos para uma futura candidatura presidencial, que várias vezes rejeitou. No final desse ano, foi promovido a almirante e nomeado Chefe do Estado-Maior da Armada. Quatro anos depois, é um dos nomes preferidos nas sondagens, e Portugal pode voltar a ter um presidente militar.
Depois de se ter reformado, no final do ano passado, manteve o silêncio sobre uma possível candidatura. Em fevereiro passado, revelou, no jornal Expresso, que se posiciona “entre o socialismo e a social-democracia”, defensor da democracia liberal e crítico dos extremos. E advertiu: "nenhum Presidente pode ser verdadeiramente ‘de todos’ se estiver claramente associado a uma fação política".
Recentemente voltou a ser alvo de atenção mediática com o desfecho do caso do NRP Mondego. Em março de 2023, 11 militares recusaram embarcar numa missão de acompanhamento de um navio russo ao largo do Porto Santo, alegando falta de condições de segurança. Na altura, Gouveia e Melo classificou o gesto como um “ato de indisciplina intolerável”. No entanto, no início deste mês, o Supremo Tribunal Administrativo declarou a ilicitude das sanções aplicadas, apontando falhas e vícios no processo disciplinar conduzido quando o almirante liderava a Armada. A decisão abriu caminho a eventuais pedidos de indemnização por parte dos militares visados.
Gouveia e Melo confirmou que é candidato às presidenciais de janeiro de 2026, em declarações à Rádio Renascença, no passado dia 14, em plena campanha eleitoral para as legislativas antecipadas.