Pais e dirigentes anteveem dificuldade no regresso a 8 de fevereiro, mas propõem um desconfinamento parcial para os mais novos.
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O Ministério da Educação enviou um email às escolas, através da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, pedindo-lhes que estejam preparadas para, entre outras medidas, ativar o ensino não presencial. A comunicação, feita no dia em que foi anunciada a suspensão das atividades letivas até ao próximo dia 8 de fevereiro, poderá prenunciar que os alunos voltarão a ter de aprender à distância. Pais e diretores das escolas lamentam que as promessas de dotar todos os alunos de meios informáticos e de comunicação tenham ficado por cumprir, mas esperam que possa ser equacionada uma retoma gradual em regime misto brevemente.
"Desde setembro que as escolas estão preparadas para avançar, no dia seguinte a qualquer decisão, com o ensino à distância", assegurou Manuel António Pereira, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes Escolares (ANDE). "Só continuamos com o problema de muitos alunos não terem equipamentos informáticos e, em algumas zonas, nomeadamente no interior, a Internet não funcionar em condições", lamentou. O responsável espera que, em vez do ensino à distância, "possa ser adotada uma solução mista, para os alunos mais velhos, com os mais novos em ensino presencial".
Regime misto e faseado
Aquela foi a proposta que a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) apresentou, antes de o Governo decidir encerrar as escolas. "Propusemos que se utilizasse, agora, algum tempo de férias, ganhando tempo para mais ensino presencial", referiu Jorge Ascenção. O presidente da Confap acredita que, "provavelmente, o próximo passo será o ensino à distância, sem considerar o regresso faseado ou em regime misto" que os pais também preferem.
Rui Martins, presidente da Confederação Independente de Pais e Encarregados de Educação, admite que os pais queriam que as escolas encerrassem. "Fizemos um inquérito online que obteve 25 mil respostas e que revelou que 84% dos pais preferiam, nesta altura, ter ensino à distância", explicou, ressalvando que "ficam preocupados com os alunos que vão ficar para trás, por muito que escolas e professores se esforcem".
"Daqui a 10 anos, estaremos a lamentar o que se passou com esta geração, porque o que está a passar-se é muito danoso para muitos jovens e irreversível para alguns. Vamos sentir culpa por não termos feito o melhor que podíamos pelos jovens", lamentou Jorge Ascenção. Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, acredita que as escolas terão de "acionar o plano de ensino não presencial após 5 de fevereiro, pelo menos nalguns níveis de ensino", e espera que, depois, "haja um regresso faseado, começando pelos mais novos".
O Ministério da Educação esclareceu que o email enviado às escolas continha "várias informações redundantes, mas necessárias para que toda a organização escolar ocorra devidamente", não sendo prenúncio de qualquer decisão do Governo.
CDS quer ouvir ministro no Parlamento
O CDS-PP pediu para ouvir no Parlamento o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, sobre o encerramento das escolas, a proibição de aulas à distância e os próximos passos a dar, no que diz respeito ao ensino, se a situação se prolongar. Os centristas consideram que o ensino presencial é a opção preferencial, mas que, apesar das "assimetrias e limitações" do ensino à distância, "nenhuma aprendizagem é sempre pior do que alguma aprendizagem".
O requerimento, assinado pela deputada Ana Rita Bessa, lembra que o partido "insistiu atempadamente para que fosse ponderado o seu encerramento" [das escolas], mas "em nenhum momento esteve em discussão a suspensão do ensino". E que foi surpreendido pela constatação de que "os danos irreparáveis na aprendizagem" - argumento usado pelo Governo -, afinal, "convivem com não ter qualquer aprendizagem.
No pedido enviado à Comissão Parlamentar de Educação, Ciência, Juventude e Desporto, o CDS-PP refere que a proibição das escolas públicas ou privadas poderem continuar com ensino à distância "não serve os alunos, não ajuda os pais, menoriza a escola pública e aprisiona a escola privada".
Refeições
Lista de escolas
A Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE) já publicou a lista das escolas de referência para acolhimento de filhos de trabalhadores de serviços essenciais. Regra geral, são as escolas-sede de agrupamento em cada concelho, mas a lista completa pode ser consultada online em www.dgeste.mec.pt.
Refeições escolares
Os alunos que têm direito a refeições gratuitas nas escolas poderão levantar os almoços (takeaway) nas escolas de referência para acolhimento, elencadas na referida listagem da DGESTE, caso não existam já outras orientações por parte das autoridades locais.