O Governo está a aguardar pela conclusão das investigações ao Grupo 1143 para perceber o que fazer ao grupo de neonazis de Mário Machado que tem espalhado discurso de ódio e ameaças contra imigrantes, sobretudo nas redes sociais.
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O DCIAP de Lisboa está a investigar a propagação de discurso de ódio por parte do grupo de neonazis 1143 e, enquanto a investigação não estiver concluída, o Governo nada fará para travar a rede que Mário Machado implantou de norte a sul do país, sobretudo no Telegram, nos últimos dois meses.
“Todo esse fenómeno é seguido pelos órgãos próprios, quer a nível disciplinar, quer a nível criminal. Portanto aguardamos a evolução de alguns processos que sabemos que estão pendentes”, disse a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, esta quarta-feira.
Uma vez que o assunto está sob investigação das autoridades, a governante não se quis alongar nos comentários: “Neste momento não poderei fazer mais declarações, a não ser dizer que estamos atentos”.
Tal como o JN informou a 12 de agosto, o Grupo 1143 criou mais de 20 núcleos de Norte a Sul do país nos últimos dois meses. É através destes que espalha desinformação e discurso de ódio contra imigrantes. Naqueles grupos, glorificam-se ditaduras como as de Salazar ou Hitler e incentivam-se os membros dos grupos locais a realizarem ações de rua contra imigrantes.
Além disso, como Mário Machado admite nos vários núcleos, há elementos da PSP e oficiais das Forças Armadas que fazem parte do 1143, o que é proibido e pode dar origem a processos disciplinares e à expulsão daqueles elementos.
Legalmente, o grupo não está constituído e é equiparado a um grupo de amigos. A propósito da notícia do JN, o Bloco de Esquerda questionou ontem o Ministério da Administração Interna para saber como vai o Governo desmantelar o Grupo 1143. O partido quer ainda saber como é que o Governo vai identificar os elementos das forças de segurança que pertencem ao grupo.
Ao mesmo tempo, o Youtube baniu a conta do Grupo 1143 por incentivo ao ódio, na sequência de questões formuladas pelo New York Times. A expulsão do grupo do Youtube surgiu na sequência de uma investigação daquele jornal norteamericano sobre a extrema-direita europeia. Na parte de Portugal, é usado como exemplo o Grupo 1143.
Investigação com eco no "Liberátion"
O jornal "Libération", que é um dos maiores e mais reconhecidos de França, deu eco à investigação do JN sobre o Grupo 1143.
O Libération escreve que “a investigação do jornal português diz-nos em particular que o 1143 atua ‘como um polvo’ nas redes sociais”.