Os sindicatos médicos garantem que o ministério da Saúde "não fechou a porta" a nenhuma das propostas apresentadas na reunião negocial desta sexta-feira. Haverá um novo encontro no domingo à tarde e, até lá, os sindicatos esperam receber uma contraproposta escrita. As greves e a escusa às horas extra mantêm-se.
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A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) apresentaram, esta sexta-feira, à tutela uma contraproposta negocial na qual exigem o regresso às 35 horas de trabalho semanal, a reposição das 12 horas semanais de trabalho no serviço de Urgência e um aumento salarial de 30% para todos os médicos.
De acordo com Roque da Cunha, secretário-geral do SIM, "o senhor ministro da Saúde não fechou a porta a qualquer uma das questões que foram colocadas" e ficou de "fazer uma contraproposta" que irá ser discutida no próximo domingo. Roque da Cunha frisou, ainda, a disponibilidade por parte dos sindicatos médicos para "calendarizar algumas das medidas" propostas. Na sua opinião, tal "tem de ser aproveitado por parte do Governo".
"As circunstâncias que vivemos hoje, de grande dificuldade no Serviço Nacional de Saúde, fazem com que o Sindicato Independente dos Médicos encare como positiva a circunstância de o Governo, em relação às propostas que apresentámos, não ter fechado a porta a qualquer uma delas", afirmou Roque da Cunha.
Segundo a presidente da FNAM, o ministro "verbaliza que não fecha a porta a nenhuma das nossas propostas". No entanto, Joana Bordalo e Sá diz que estar cansada de palavras e exige ações. "É necessário que a contraproposta chegue durante o dia de sábado", afirmou a dirigente sindical, mostrando "abertura e disponibilidade total" para, posteriormente, discutir como é que as medidas podem ser implementadas.
"A bola está do lado do Governo. O Dr. Manuel Pizarro tem de ser resolver esta situação e o problema das urgências para a população. Se não resolver, a tragédia que o Dr. Fernando Araújo preconizou irá acontecer. A responsabilidade será do Dr. Manuel Pizarro, de toda a equipa ministerial e do Governo", alertou.
Sobre a proposta de um aumento salarial de 30% transversal a todos os médicos, Roque da Cunha recordou que "a não concretização da recuperação do poder de compra perdido tem resultado naquilo a que assistimos todos os dias: uma saída do Serviço Nacional de Saúde, crescentes dificuldades em compor as equipas de urgência e dificuldades de acesso a consultas e cirurgias". Relativamente a aumentos salariais, avançou, "o Governo vai apresentar uma contraproposta no próximo domingo".
Questionado sobre a possibilidade de chegar a acordo com a tutela ainda esta semana, Roque da Cunha diz estar "confiante de que a gravidade que atravessa o SNS", bem como "as declarações públicas do senhor diretor executivo, do senhor presidente da associação dos administradores hospitalares e da generalidade das pessoas que têm cada vez mais dificuldades em aceder aos cuidados de saúde", façam com que "o que o Governo não desperdice esta oportunidade única para mitigar os problemas do SNS".