A secretária de Estado da Valorização do Interior defendeu, esta terça-feira, em Bragança, que os autarcas transmontanos têm que ter " estratégias mais alargadas" do que a construção de estradas. Isabel Ferreira aceita, mas não se revê nos protestos da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes (CIM) decorrentes da alegada falta de investimento no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para construir ou melhorar estradas no distrito de Bragança
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A CIM, constituída por nove municípios, criticou a ausência de várias estradas reivindicadas há vários anos naquele documento [como a ligação do IC5 entre Duas Igrejas-Miranda do Douro, a Estrada Macedo de Cavaleiros-Vinhais-Gudiña (Espanha) e a estrada Vimioso-Bragança], bem como a falta de investimento na ferrovia do distrito de Bragança, que a par com o de Vila Real são os únicos no país sem inscrição para o caminho de ferro. No entanto, Isabel Ferreira argumenta que o PRR tem que "definir prioridades" e que tem dezenas de componentes diferentes.
"Se queremos um desenvolvimento sustentável de uma região tem que se olhar para todas as componentes", afirmou a secretária de Estado, no final lançamento do laboratório associado do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), um dos três no país que é fora de Lisboa ou do Porto. Os outros dois estão instalados em Évora e Vila Real.
"Olhando para a componente das infraestruturas em cinco ligações previstas no PRR a nível nacional, duas são na CIM Terras de Trás-os-Montes e as únicas do Norte. Há mais uma no Alentejo, outra no Algarve e outra na região centro. As inscritas são a ligação Bragança-Puebla de Sanábria, que vai fazer com que Bragança seja a capital de distrito mais próxima da Europa, de Madrid, o que é colocar Bragança numa grande centralidade Ibérica, e ainda a ligação Vinhais-Bragança. As outras ligações reivindicadas pela CIM estão previstas no Plano Nacional de Desenvolvimento", enumerou, acrescentado que há outros instrumentos como o Portugal 2030 e outros programas europeus específicos como os que vão financiar a ferrovia, "que não está em discussão no PRR", vincou.
O reforço do Serviço Nacional de Saúde, através dos centros de saúde, a componente de habitação e a componente do conhecimento e inovação, a competitividade ou as florestas são outras a ter em atenção segundo a governante. "O que trouxe muitos empregos, por exemplo, aqui para Bragança, foi o IPB, os seus centros de investigação e o laboratório associado", referiu Isabel Ferreira sublinhado que "há um enorme potencial no apoio às empresas e ao conhecimento e Trás-os-Montes tem que se posicionar e com grande liderança para captar muito investimento", acrescentou. Além disso, a governante ainda disse que "cabe aos autarcas ter estratégias que vão de encontro a essas preocupações".
A responsável política, que é de Bragança, garantiu que a ela "nunca ninguém lhe ouvirá o discurso do abandono ou do declínio ou dos coitadinhos do Interior, porque não foi essa a experiência que eu tive, não é a experiência que eu tenho, nem é essa a maioria das experiência das pessoas que estão no Interior".