A situação de calamidade, declarada há 52 dias e já na sua quarta vigência, poderá ser renovada para todo o país até 12 de julho pelo Governo, que hoje ouve uma vez mais os epidemiologistas.
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Para os especialistas em Saúde Pública é preciso aguardar pela evolução dos surtos de covid-19 dos últimos dias, principalmente em Lisboa, antes de baixar o nível de gravidade que está em vigor até 28 de junho.
O epidemiologista Manuel Carmo Gomes, um dos quatro elementos do painel que será ouvido no Infarmed, admitiu, ao JN, que "há a possibilidade de ser necessário" manter no país o nível de restrições impostas pela situação de calamidade, principalmente perante os números de Lisboa. Mas recusou detalhar as orientações que irá dar.
Outro elemento do painel defendeu, ao JN, que só parte do país possa evoluir para outros níveis de gravidade inferiores - o de contingência ou o de alerta.
Na última reunião, a 8 de junho, António Costa ficou com muitas dúvidas, ao ponto de ter chamado a seguir a diretora-geral da Saúde a São Bento: os epidemiologistas desconheciam qual poderia ser a evolução em Lisboa, quando já despontavam alguns surtos. A situação de calamidade foi renovada até 28 de junho. Agora poderá sê-lo por mais 14 dias, até dia 12 de julho.
Ao JN, o epidemiologista Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, disse que "tem havido alguma estabilização dos números no resto do país, ao contrário de Lisboa, mas pode não fazer sentido avançar para outras fases". "É mais avisado parar onde estamos, do que dar passos atrás, e apostar numa comunicação assertiva e coerente".
Além da eventual renovação da calamidade, o Governo aprova amanhã em Conselho de Ministros as contraordenações a aplicar às festas e ajuntamentos com mais de 20 pessoas [em Lisboa, o limite é de 10, desde ontem]. O "Público" avançou que as coimas irão de 120 a 350 euros, valores que o ministro da Administração Interna não confirmou. Eduardo Cabrita disse apenas que "a Polícia está preparada" para atuar.
O passo atrás que Lisboa deu, onde se inclui o fecho do comércio às 20 horas, a proibição da venda de álcool em estações de serviço e o reforço de vigilância em 19 freguesias de cinco concelhos, levou a Associação Portuguesa de Centros Comerciais a lamentar a "nova limitação de horário". A Associação das Bebidas Espirituosas defendeu a reabertura de bares para evitar aglomerações informais de jovens.