Governo responde a Marcelo e diz que não há "processo de reparação" às antigas colónias
O Governo respondeu, neste sábado, às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, em que o presidente da República referia a necessidade de compensar as antigas colónias, dizendo que não há qualquer "processo de reparação" em curso, ainda que haja "gestos e programas" de cooperação e reconhecimento da verdade histórica.
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“Importa sublinhar que o Governo atual se pauta pela mesma linha dos Governos anteriores. Não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com esse propósito", refere o Executivo, em comunicado.
"Ainda assim, o Estado português, através dos seus órgãos de soberania – designadamente, do Presidente da República e do Governo -, tem tido gestos e programas de cooperação de reconhecimento da verdade histórica com isenção e imparcialidade", acrescenta-se.
O Governo dá alguns exemplos, desde logo dois de carácter sobretudo simbólico: lembra que Portugal já reconheceu "o contributo decisivo" das ex-colónias africanas para a queda do Estado Novo e, também, que já endereçou a Moçambique um pedido de desculpas "pelo trágico massacre de Wyriamu", ocorrido em 1972 e que terá vitimado perto de 400 habitantes locais.
O comunicado recorda, de seguida, que Portugal também financiou o Museu da Luta de Libertação Nacional, em Angola, a musealização do campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, ou a recuperação da campa dos escravos da ilha de Moçambique. Sublinha-se ainda a "prioridade" que, no entender do Governo português, tem sido dada a "políticas gerais de cooperação" em áreas como a língua, a educação, a cultura, a economia ou a saúde.
"Sempre achei que pedir desculpa é uma solução fácil para o problema. Peço desculpa... nunca mais se fala nisso. Assume-se a responsabilidade por aquilo que de bom e de mau houve no império. O assumir significa, de facto, isso", disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, à margem da inauguração do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche. Já na última semana, Marcelo tinha falado em pagar pelo colonialismo.