Governos da República, Madeira e Açores criam grupo de trabalho para nova lei de finanças regionais
O Conselho de Ministros constituiu, esta quinta-feira, um grupo de trabalho conjunto com representantes dos Governos da República, da Madeira e dos Açores para levar ao parlamento uma nova lei das finanças regionais em 2026.
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Luís Montenegro fez uma declaração no final da reunião de Conselho de Ministros, que hoje contou, de forma inédita, com a presença dos presidentes das Regiões Autónomas dos Açores, José Manuel Bolieiro, e da Madeira, Miguel Albuquerque, mas nenhum dos três respondeu a perguntas da comunicação social.
O primeiro-ministro anunciou ainda que, no início de 2026, vai realizar-se nos Açores a primeira cimeira entre os três governos - todos liderados pelo PSD -, que chegou a estar prevista para o final de 2024, mas foi sendo adiada devido a crises políticas primeiro na Madeira e depois no Continente.
"Tentaremos depois, regularmente, não só promover estes fóruns de articulação entre os Governos, como a própria realização das cimeiras, que podem ser uma oportunidade de podermos subscrever muitas das decisões conjuntas que temos para servir o interesse das Regiões Autónomas, mas o interesse de Portugal como um todo", disse.
Montenegro classficiou a participação dos presidentes dos Governos Regionais, pela primeira vez, numa reunião do Conselho de ministros como "um importante marco na relação institucional e na articulação e parceria" entre os Governos da República e os Governos das Regiões Autónomas.

Madeira e Açores falam em "momento histórico"
Os presidentes dos Governos da Madeira e dos Açores congratularam-se com a criação de um grupo de trabalho para rever a Lei das Finanças Regionais (LFR), considerando tratar-se de um passo histórico para reforçar a autonomia das regiões.
"Acho que é um passo decisivo no sentido de estabelecer ao fim de 50 anos da instituição das autonomias políticas - uma das maiores conquistas da democracia portuguesa - (...) uma relação consolidada e adulta relativamente ao relacionamento que deve existir entre as autonomias e o Estado Central", afirmou o presidente da Região Autónoma da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD).
"Neste momento, a Lei de Finanças Regionais é uma lei iníqua, é uma lei anacrónica que tem de ser rapidamente alterada. Nesse sentido, queria saudar a visão do primeiro-ministro, a sua capacidade de decisão, no sentido de criarmos um grupo de trabalho para pôr cobro a uma situação que é desconfortável", sublinhou Miguel Albuquerque.
No mesmo sentido, o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, considerou que a criação deste grupo de trabalho representa "uma viragem de paradigma" no "funcionamento do Estado com as autonomias".
"Estamos a viver um momento histórico na democracia portuguesa e no entendimento do Estado de Direito português com as suas autonomias políticas, porque faz a transição de uma, muitas vezes, entendida autonomia tutelada para a compreensão de uma autonomia participativa", disse o governante açoriano.
Segundo José Manuel Bolieiro, a alteração da Lei das Finanças Regionais vai garantir às regiões autónomas "mais previsibilidade, estabilidade, regularidade e eficiência".
