Uma grávida, de 29 anos, percorreu cerca de 400 quilómetros entre hospitais até ser atendida pelo serviço de obstetrícia. A mulher, oriunda de outro país, não fala português e só conseguia comunicar com os bombeiros através do google tradutor, o que fez com que entrasse em pânico.
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Ao início da tarde de quarta-feira, uma mulher grávida, com sintomas de aborto e com uma gravidez considerada de risco, dirigiu-se ao Hospital de Santiago do Cacém para ser vista por um médico da especialidade. No entanto, o serviço de obstetrícia e ginecologia do hospital não estava disponível.
O Hospital de Santiago do Cacém decidiu reencaminhar a grávida para o Hospital de Setúbal, a 109 quilómetros de distância, tendo acionado os bombeiros do Cercal do Alentejo cerca das 16 horas. Quando já estava perto do destino, os bombeiros receberam a informação que o serviço de obstetrícia de Setúbal também estava encerrado.
Sem solução, os bombeiros aguardaram em Setúbal até nova indicação. O hospital Garcia da Orta, em Almada, também foi contactado mas não tinha o serviço disponível. Entre hospitais, a grávida e o marido, que não falavam português, começaram a entrar em pânico porque não estavam a perceber o que se estava a passar. Os bombeiros, que tentavam ajudar e acalmar a grávida, só conseguiam comunicar com o casal através do google tradutor.
Até Beja e de volta a Santiago do Cacém
Depois da espera, a ambulância percorreu mais de 140 quilómetros para Sul, até ao hospital de Beja, onde a mulher estrangeira foi atendida no serviço da especialidade. A grávida, que esteve duas horas em observação, foi reencaminhada para o hospital de origem, em Santiago do Cacém, após os médicos não terem visto nenhuma razão para que ficasse internada.
Foram mais 100 quilómetros até Santiago do Cacém, tendo a ambulância chegado por volta das 21 horas. De acordo com a SIC Notícias, a grávida terá tido alta no dia seguinte.
"Foram cerca de 400 quilómetros com a doente nove horas dentro da ambulância. Estamos a falar de uma distancia significativa, de desgaste pessoal e dos meios de socorro que estão empenhados numa situação e, que muitas das vezes podem fazer falta noutro sentido", sublinha o Comandante dos bombeiros do Cercal do Alentejo, Vítor Tomaz. O Comandante destaca ainda o desgaste e a preocupação na doente.
Erro no hospital
"Não é um caso muito pontual de acontecer. Geralmente quando um doente é reencaminhado para um hospital, há uma confirmação de que há condições para o receber. Aqui não sei o que se passou", acrescenta o Comandate.
O Hospital de Santiago do Cacém já terá admitido o erro e aberto um processo de averiguação para apurar responsabilidade, segundo avança a SIC Notícias.