
Esta sexta-feira, greve encerrou "muitas" escolas no país
Foto: Pedro Granadeiro/Arquivo
Mais um dia de escolas fechadas ou a funcionarem sem vigilância no recreio, municípios sem recolha de lixo e de constrangimentos nos hospitais e centros de saúde. Os sindicatos independentes da Função Pública convocaram para esta sexta-feira greve contra o pacote laboral, SINDEPOR e SITOPAS garantem que a adesão é "fortíssima".
Entre os funcionários da Educação, a adesão ronda os 75 a 80%, estima o presidente do Sindicato Indepente dos Trabalhadores dos Organismos Públicos e Apoio Social (SITOPAS). Pelo país, "há muitas escolas fechadas, sobretudo do 1.º ciclo, e algumas a funcionar sem vigilância o que é muito grave", sublinha Jaime Santos.
Aveiro, Porto e Matosinhos são concelhos com forte adesão, em Gaia, Viana do Castelo ou Braga está quase tudo fechado, havendo de casos de escolas abertas com quase nenhuns funcionários, ou seja, sem segurança para os alunos", aponta o dirigente. Nas universidades e politécnicos quase todas as cantinas estão igualmente fechadas, em 75% dos municipios há serviços encerrados, em poucos concelhos haverá recolha do lixo esta sexta-feira, descreve Jaime Santos.
A proposta de pacote laboral, insiste, "vai atingir todos, sem exceção, e quem pensa o contrário está muito enganado", defende o dirigente.
O SITOPAS convocou a greve de hoje para os trabalhadores da administração pública central, regional e local, que sejam de carreiras gerais ou especiais. O sindicato classifica o anteprojeto do Governo de um "ataque sem precedentes às condições de trabalho dos trabalhadores", que irá resultar, considera, num agravamento da precariedade, na liberalização dos despecimentos ou na limitação ao direito à greve.
Milhares em greve a trabalhar nos serviços mínimos
Norte e Madeira são duas regiões onde há serviços a funcionar sem enfermeiros, aponta ao JN, Carlos Ramalho. O presidente do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) refere que os serviços mínimos são tão exigentes que em alguns casos, por falta de profissionais nesses departamentos, "correspondem a máximos".
Por isso, garante Carlos Ramalho, "há milhares de enfermeiros em greve a cumprir serviços mínimos". Urgências, serviços de hemodiálise, de recolha e transplante de órgãos ou de cirurgia e tratamentos oncológicos, por exemplo, estão sujeitos a serviços mínimos e "são indispensáveis para não causarem danos irreparáveis. Os utentes não têm culpa", sublinha o dirigente. Assim, a greve faz-se sentir nas consultas externas, cuidados de saúde primários ou cirúrgias programadas.
"Os enfermeiros estão muito insatisfeitos, descontentes e desmotivados", insiste, referindo que o objetivo do SINDEPOR "é regressar à mesa de negociações" por causa do acordo coletivo de trabalho.
Um dos alvos do SINDEPOR é a bolsa de horas que pode vir a comprometer a vida pessoal e familiar dos enfermeiros que deixarão de saber "com o que contar". Além disso, frisa o sindicato, as horas extras não seriam pagas, ficando apenas para compensação futura.

