Os trabalhadores da Silopor, empresa de armazenamento e distribuição de cereais com silos na Trafaria, Almada, e Beato, em Lisboa, completam esta sexta-feira o segundo dia de paralisação da atividade pelo aumento de salários e contra a privatização da empresa que tem à frente uma comissão liquidatária.
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De acordo com Luís Leitão, coordenador da União de Sindicatos de Setúbal da CGTP, a adesão à greve cifra-se nos 80%. O dirigente critica a liquidação desta empresa que “gera lucros há anos e que já pagou a dívida herdada pela anterior empresa”.
“A Silopor tem interesse público, tem uma quota no mercado de consumo nacional de mais de 50%, e não pode ser privatizada com o risco de ser aumentado o custo dos cereais e ser o povo a pagar pelos interesses dos capitais”, afirma Luís Leitão.
A CGTP realçou que a greve nestes dois dias paralisou quase toda a atividade. “Há navios no cais de águas profundas na Trafaria sem poder carregar e houve camiões que que realizaram apenas um carregamento, quando diariamente realizavam quatro. No Beato, a produção paralisou totalmente”.
A greve durou dois dias e na Trafaria, de acordo com o sindicato, foram colocadas pessoas contratadas para limpezas a carregar camiões com cereais. “É um atentado ao direito à greve e um grande perigo para os funcionários que realizam funções sem qualquer treino”.
O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), em nota enviada às redações, diz ter denunciado a situação à Autoridade para as Condições de Trabalho. “Os trabalhadores contratados para a limpeza e manutenção pela empresa prestadora de serviços WSP estão a fazer a descarga dos camiões, substituindo os seus colegas em greve”, descreve o CESP em nota de imprensa. O CESP exige ser ouvido pelo Governo sobre a privatização da empresa e sobre a recuperação do tempo de serviço congelado no período da "troika".