A dispensa de medicamentos em regime ambulatório pelas farmácias hospitalares vai estar amanhã e depois condicionada devido à greve dos farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). O protesto, que voltará a ocorrer nos dias 15 e 16 de novembro, pretende alertar para as graves carências de recursos humanos e para a necessidade de valorização da carreira e melhores condições remuneratórias. É a primeira greve do mandato do novo ministro da Saúde. E a primeira exclusiva dos farmacêuticos do SNS em 30 anos.
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Manuel Pizarro tem falado sobre o retomar das negociações com os médicos e os enfermeiros, mas o "silêncio" sobre os farmacêuticos do SNS preocupa, sobretudo numa altura em que se discute o Orçamento do Estado para 2023.
Desde a entrega do pré-aviso de greve não houve qualquer contacto ou agendamento de reunião. "O tempo passa e ninguém dá atenção.
Os farmacêuticos do SNS gerem a segunda maior fatia do orçamento da saúde e poupam milhões de euros ao Estado com a sua intervenção", realçou o presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, aproveitando as palavras do dia do ministro da Saúde sobre a necessidade de reduzir a despesa com medicamentos.
"Insatisfação" é total
Henrique Reguengo estava ontem convencido de que a adesão ao protesto será "massiva". "Pode haver farmacêuticos que não façam greve, mas não há nenhum farmacêutico satisfeito com as condições do SNS", afirmou o dirigente.
Nos hospitais públicos trabalham cerca de mil farmacêuticos nas áreas de farmácia hospitalar, análises clínicas e genética humana. A área da farmácia hospitalar, nomeadamente a dispensa de medicamentos em ambulatório, será a mais afetada pela paralisação. Hoje e amanhã serão, por isso, "péssimos dias" para levantar medicação nos hospitais, avisou o presidente do sindicato.
Os serviços mínimos estão assegurados e na prática correspondem aos serviços que funcionam aos domingos e feriados nos hospitais. De resto, garantiu Henrique Reguengo, "nenhum doente suspenderá a sua terapêutica, mas a rapidez e o conforto ficarão comprometidos". Já os serviços de análises clínicas e de genética humana não dependem em exclusivo de farmacêuticos, pelo que o impacto nos utentes será menor.