Gritou-se pelos direitos trans no Porto: "Somos pessoas de carne e osso"
Mais de 100 pessoas marcharam na cidade do Porto, entre o Parque Paulo Vallada e a Praça D. João I, para reivindicar pelos direitos das pessoas trans. Depois das eleições legislativas, os receios aumentaram e há quem tema que haja um retrocesso no país.
Corpo do artigo
Não é fácil sair à rua para protestar num dia de chuva. Mas é ainda mais difícil sair à rua para protestar quando os receios são maiores do que há uns meses. Alguns dizem ser um "ato de coragem" gritar. Mais de 100 pessoas manifestaram-se, este sábado à tarde, no Porto, pela visibilidade das pessoas trans, que não se identificam com o género atribuído à nascença e que podem querer fazer (ou não) cirurgias de mudança de sexo. A 31 de março assinala-se o Dia Nacional e Internacional pela Visibilidade Trans. Em Portugal, o fim de semana é celebrado com uma marcha no Porto, este sábado, e outra em Lisboa, este domingo. Um motivo mais do que suficiente para Luísa Russo, de 29 anos, percorrer o alcatrão do Parque Paulo Vallada até Praça D. João I de megafone na mão.
"Decidi juntar-me [à marcha] porque as vidas trans importam. Temos de nos recordar que, em 2006, houve um assassinato terrível nesta zona, o da Gisberta Salce", explica ao JN. A poucos metros do ponto de partida da marcha está localizado o edifício onde Gisberta foi encontrada morta no fundo de um poço, depois de ter sido agredida por um grupo de jovens. Quando a manifestação se dirigia para a baixa do Porto e se aproximava do prédio foi inevitável ouvir-se palavras de ordem como "Gisberta presente" e "Gisberta sempre".