O Grupo Vita, entidade autónoma que está a fazer o acompanhamento das vítimas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja Católica, esclarece que faz “perguntas sensíveis e adequadas” no âmbito do processo de indemnizações.
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A reação surge depois do semanário “Expresso” ter noticiado que o Vita é acusado de “falta de empatia”.
Numa nota enviada às redações no sábado, o grupo coordenadora pela psicóloga Rute Agulhas aponta que, no âmbito do processo de atribuição das compensações financeiras às vítimas, não pede para se repetirem relatos de abusos “já documentados”. Nos casos “em que o relato inicial é muito vago”, a chamada Comissão de Instrução - para determinar o valor da compensação financeira - “pode precisar de fazer algumas perguntas de clarificação”.
António Grosso, membro da Associação Coração Silencioso, disse ao semanário “Expresso” que a Comissão de Instrução está “obcecada pela materialidade da questão”. “Se tocar na virilha recebe um euro e se foi num testículo são cinco mil? Esta linha de interrogatório, que é disso que se trata, só serve para provocar sofrimento desnecessário nas vítimas”, afirmou.
Valores caso a caso
Por seu lado, o Grupo Vita diz fazer “perguntas sensíveis e adequadas”. “Nunca é perguntado a uma vítima se o toque vivenciado ‘doeu muito’. Isso nunca sucedeu”, lê-se na nota.
Foram pedidas 67 indemnizações por vítimas de abusos sexuais no seio da Igreja Católica. Os valores das compensações financeiras serão definidos caso a caso, o que tem gerado críticas por parte das vítimas, uma vez que consideram que terão de voltar a contar os abusos e a revivê-los. Neste momento, 31 pessoas já foram ouvidas. Até junho, o grupo de peritos prevê que todas as vítimas sejam ouvidas.
O processo de indemnizações foi definido pela Conferência Episcopal Portuguesa e pela Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal. A Comissão de Instrução é composta por um elemento do grupo Vita e por um elemento das Comissões de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis ou pelo instituto religioso.