O Grupo Vita recebeu 19 pedidos de indemnização de vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa, não tendo nenhuma referido um valor concreto, revelou ao JN a coordenadora da estrutura, Rute Agulhas. Remeteu ainda 18 casos ao Ministério Público.
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A maioria dos pedidos (17) referem-se a situações mais antigas, mas há dois casos mais recentes, um deles que diz respeito a um menor de 16 anos, avançou Rute Agulhas.
Os critérios para definir os valores das reparações financeiras serão discutidos, na próxima semana, pelos bispos, na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). O JN sabe que nem todos estão de acordo e que sugeriram alterações à proposta do grupo Vita, que terá até amanhã, sexta-feira, para entregar uma nova versão.
“Entregamos a proposta em fevereiro e a CEP enviou-nos, esta semana, uma outra proposta com alterações propostas pela CEP que estamos a analisar e temos de dar feedback até ao final desta semana”, referiu Rute Agulhas, sem revelar quais as alterações sugeridas.
A proposta do grupo Vita propõe uma análise caso a caso, havendo, por isso, vários critérios a ter em conta “porque a gravidade dos casos depende de muitas variáveis”, resumiu a psicóloga.
Rute Agulhas avançou ainda que foram reportadas 86 situações ao Grupo Vita, que realizou 56 atendimentos, “tendo mais agendados para este mês”.
Até agora, dois alegados agressores mostraram vontade de ter apoio psicológico, "um deles com muita pressão por parte da Igreja", tendo um já iniciado o acompanhamento, adiantou ainda Rute Agulhas. "Em nenhum contexto raramente os agressores admitem e pedem ajuda. O primeiro foi muito pressionado pelo instituto religioso onde pertence e temos reforçado isso, que é mesmo preciso que a Igreja pressione nesse sentido. O segundo que solicitou acompanhamento vem com mais motivação e reconhece que precisa de ajuda", explicou.