
Pedro Rocha
Das 49 prisões portuguesas, só três estão ligadas ao sistema de comunicações SIRESP - partilhado entre bombeiros, forças e serviços de segurança -, apesar de a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) ter aderido à rede em 2015.
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A falta do sistema leva a que os guardas prisionais tenham de comunicar através dos telemóveis pessoais em situações de crise, como sucedeu na fuga de Caxias.
Ao que o JN apurou, apenas as cadeias do Linhó, de Coimbra, e da Carregueira estão ligadas ao SIRESP, e há menos de um ano. Antes disso, em 2015, foi equipado o Grupo de Intervenção de Segurança Prisional (GISP) - que atende às situações mais críticas nas prisões.
A DGRSP confirmou ao JN que só há três cadeias ligadas, mas garante que já foi adjudicado "o fornecimento do equipamento aos restantes estabelecimentos", sem explicar a razão deste atraso.
Mas o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional tem uma explicação. "O que nos foi dito ao longo dos anos é que era muito caro", conta Jorge Alves, acrescentando que a falta do sistema obriga os guardas "a comunicarem entre si através dos telemóveis pessoais - que não são linhas seguras - ou pelos telefones fixos das cadeias".
E exemplifica com o caso da fuga que ocorreu em Caxias em fevereiro. "O guarda que deu o alerta teve de ligar para o 112 a partir do telemóvel pessoal, porque nem rádios existem". A DGRSP garante que as prisões sem SIRESP têm rádios, mas Jorge Alves assegura que não é verdade: "Se existem, então não estão a ser utilizados".
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Polícias sem sistemas antigos
Assim que aderiram ao SIRESP, o SEF, a PSP e a GNR perderam os seus antigos sistemas de comunicação, ao contrário dos bombeiros, que mantiveram a rede ROB - a que a Proteção Civil recorreu durante o incêndio de Pedrógão, quando a rede SIRESP falhou.
"Era importante que também tivéssemos o antigo sistema, até porque as falhas no SIRESP não são de agora e garantir-se-ia redundância nas comunicações", defende o presidente da Associação dos Profissionais da GNR. César Nogueira queixa-se de que o SIRESP tem "zonas mortas" em que os patrulheiros usam os telemóveis pessoais para falar com os postos.Também no SEF se deixou o antigo sistema. "Há equipamentos, mas nunca mais tiveram manutenção e dificilmente poderão ser utilizados,", conta o presidente do sindicato dos inspetores, Acácio Pereira. Na PSP não é diferente. "O sistema foi desmantelado e está obsoleto", diz Paulo Rodrigues, da maior associação do setor. Questionado pelo JN, o MAI não respondeu se tenciona reativar estes sistemas.
