Com a tónica colocada em temas chave como crescimento económico, futuro, transição digital, desafios intergeracionais, estratégia internacional, alterações climáticas e preocupações sociais, o projeto Foresight Portugal 2030", promovido pela Gulbenkian, faz mira para o futuro para que o "país chegue a 2030 muito mais capaz de crescer e prosperar".
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A Fundação Calouste Gulbenkian promoveu o projeto "Foresight Portugal 2030" para contribuir para "uma reflexão e debate aprofundados" com o objetivo de "mudar a trajetória de Portugal das últimas décadas", pode ler-se no estudo. Com o acompanhamento constante de Miguel Poiares Maduro, o estudo aborda temas como a agricultura, território nacional, proteção social, infraestruturas, agenda digital, energia, transportes e pretende ser um "mapeamento do futuro" para traçar uma "evolução previsível quer daquilo que é estrutural no país, quer daquilo que são os fatores exógenos: evolução do mundo, evolução da Europa", disse Poiares Maduro ao JN.
"Há riscos muito grandes numa mera lógica de continuidade do país" no que diz respeito a política públicas, adverte o ex-ministro do Governo de Passos Coelho.
"O estudo não faz uma recomendação em específico (...). Apresenta diferentes cenários e diferentes alternativas de políticas públicas" para o país, acrescentou. O projeto recusa ser um plano do Estado pois esse trabalho já foi elaborado "com o Plano de Recuperação e Resiliência", diz o estudo.
O projeto divide-se em três volumes. O volume 1 diz respeito aos cenários de evolução para Portugal com base no resumo do enquadramento mundial e europeu. Um cenário mais de "continuidade, outro de mudança progressiva, gradual, e outro de mudança mais disruptiva", afirmou Poiares Maduro.
A ideia não é escolher um entre os três cenários. Poiares Maduro explica que os cenários são como "modelos heurísticos": "modelos abstratos, idealizados, que nos ajudam a compreender o leque de opções que temos". Não são soluções, são um conjunto de caminhos possíveis que o país pode seguir, explicou.
O Cenário 1, que assenta em "confiança na continuidade" e pretende expor os resultados de um "prolongamento" das políticas que têm sido adotadas. O cenário 2, assente num "ajustamento" da estratégia que tem sido seguida pelo país, procura ir "em busca de um novo espaço na Europa". O cenário 3, revelador de uma maior ambição e reformulação da estratégia de políticas do país, procura um "reposicionamento" do Portugal 4D - um modelo de desenvolvimento para o país assente na digitalização, diversidade, dinamismo e distinção.
O volume 2 proporciona ao leitor e contribui para debate público com um "enquadramento mundial e europeu" de Portugal no "tabuleiro mundial", e o volume 3 analisa o "retrato da evolução recente" do país tendo em vista estabelecer um "ponto de partida" ao desenvolvimento.
Os objetivos do projeto
Para os organizadores do projeto, os anos de 2021-2030 são um período de "transição claramente marcado pelo choque entre por um lado, as limitações ao crescimento de soluções e de atividades que vêm de períodos anteriores e, por outro, as dificuldades na expansão do que corresponde a uma nova vaga de crescimento".
Os três grandes objetivos do projeto são: "retomar o crescimento, após décadas de quase estagnação"; "contribuir para a mitigação e a adaptação às alterações climáticas, sem travar o crescimento"; "promover a coesão e a mobilidade sociais, num contexto de mais forte solidariedade intergeracional".
Participaram no projeto personalidades como José Félix Ribeiro, coordenador do projeto, Nuno Severiano Teixeira e Carlos de Medeiros Gaspar, presidente e membro do Instituto Português de Relações Internacionais, respetivamente, e Miguel Poiares Maduro, que acompanhou a realização do projeto na qualidade de presidente da Comissão Científica do Fórum Gulbenkian Futuro.