Há cada vez mais famílias com filhos a pedirem ajuda ao Banco Alimentar Contra a Fome. O aumento das prestações do crédito à habitação está a criar novos pobres, que, mesmo com emprego, não conseguem pagar a alimentação. Os pedidos dispararam e, por isso, o Banco Alimentar promove três dias de recolha de alimentos.
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“Houve um aumento dos pedidos de ajuda alimentar e verificámos uma tipologia diferente. Já não são só idosos com baixas reformas, mas também trabalhadores com baixos rendimentos e famílias com crianças, que viram as taxas de juro dos créditos à habitação aumentarem”, informa Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome. A campanha de recolha de alimentos conta com a ajuda de 40 mil voluntários.
Com o mote “A sua ajuda pode ser o que falta à mesa de uma família”, a campanha apela à solidariedade “numa altura em que se agravam as situações de carência alimentar de muitas famílias portuguesas”. Isabel Jonet sublinha que farão “uma recolha de três dias, porque a situação económica e social do país assim o exige”. Os voluntários estarão em mais de duas mil superfícies comerciais por todo o país. Qualquer pessoa pode contribuir, através da doação de alimentos, recomendando-se produtos não perecíveis, nomeadamente leite, conservas, azeite, óleo, arroz, açúcar, farinha e massas.
Para além da doação, há a possibilidade de contribuir com vales disponíveis nas caixas dos supermercados. Cada vale tem um código de barras específico para os produtos do Banco Alimentar. “Estão disponíveis vales de seis produtos que são os mais necessários e não perecíveis”, explica Isabel Jonet. Também podem ser realizados donativos online em www.alimentestaideia.pt.
Para os interessados em participar como voluntários, Isabel Jonet afirmou que “basta aparecerem”. “Precisamos de voluntários que estejam nas portas, mas que também possam apoiar nos armazéns a selecionar os produtos. São três dias muito intensos. Muitas lojas vão estar abertas até à meia noite e são todos bem-vindos", acrescentou. Quanto à expetativa da quantidade de alimentos a recolher, afirmou que "é sempre o máximo que as pessoas podem dar no momento".
Mais de 28 mil toneladas de alimentos no ano passado
No ano passado, foram entregues 28 905 toneladas de alimentos pelos 21 bancos alimentares em atividade, que foram distribuídas, depois, a 2500 instituições sociais e, através destas, chegaram a 395 mil pessoas com carências comprovadas.
"Este ano, temos visto os pedidos de ajuda aumentar, pelo que todo o apoio, quer da nossa grande equipa de voluntários quer de todos os portugueses que contribuem com doações, pode realmente fazer a diferença, para que estas famílias tenham alimento à mesa, não só no Natal, mas todos os dias", acrescentou, sublinhando que os "dados do Instituto Nacional de Estatística, revelados muito recentemente, indicam um agravamento da taxa de pobreza, com 17% da população em risco de pobreza e às quais a solidariedade pode trazer algum conforto e esperança".
Crianças também podem ser voluntárias no Porto
Com o objetivo de "incutir nos mais novos o espírito e magia do voluntariado", o Banco Alimentar do Porto promove a iniciativa "Manhã da Criança".
Durante a manhã de domingo, entre as 9 e as 13 horas, crianças entre os 6 e os 14 anos poderão ajudar a separar e a acondicionar os produtos alimentares da recolha no armazém do Banco Alimentar do Porto, em Perafita, Matosinhos. A inscrição é obrigatória e pode ser realizada em www.baporto.pt. Além dos mais novos, toda a população está convidada a participar, como voluntários, na ação.