O sucesso académico dos alunos está a melhorar, mas existem fenómenos em zonas do país que preocupam o Ministério da Educação como o abandono precoce no Algarve ou os chumbos na área metropolitana de Lisboa.
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Cada vez menos estudantes chumbam ou abandonam a escola antes do tempo, segundo o relatório "Resultados Escolares: Sucesso e Equidade", da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), hoje divulgado, que analisa a evolução entre os anos letivos de 2017/2018 e 2019/2020.
As melhorias registaram-se em todos os ciclos de ensino, mas o relatório salienta que o sucesso está "longe de abranger todos os alunos".
A situação mais complicada continua a ser no ensino secundário, com cerca de um terço dos alunos (33%) a não conseguir concluir os estudos nos três anos previstos.
No entanto, este ciclo de estudos foi também o que registou a maior melhoria, subindo dez pontos percentuais entre 2018 e 2020.
Se em 2018, apenas 57% dos alunos dos cursos científico-humanísticos conseguiram terminar o secundário no tempo esperado, em 2020 a percentagem subiu para 67%.
Nos cursos profissionais a subida foi de apenas dois pontos percentuais, de 63% para 65% em 2020.
Em relação aos mais novos, em 2020 terminaram o 1.º ciclo no tempo esperado 89% (mais 3% do que em 2018); no 2.º ciclo, a percentagem de conclusão no tempo esperado foi de 95% em 2020 (mais 4% que em 2018) e no 3.º ciclo subiu de 80% para 86%.
Através de um "zoom" às cidades e agrupamentos, o Ministério da Educação confirma que o trabalho dos professores e técnicos especializados pode fazer a diferença.
O ministro da Educação, João Costa, apontou "assimetrias regionais", destacando-se "o Algarve com alguns indicadores mais preocupantes, assim como as áreas metropolitanas".
As diferenças regionais variam consoante o nível de ensino, mas o relatório aponta quase sempre as escolas do Norte como as que conseguem melhores resultados, por oposição a zonas da Área Metropolitana de Lisboa, Baixo Alentejo e Algarve.
"O Algarve carece de uma análise mais aprofundada, porque quando olhamos para níveis de abandono escolar precoce é claramente um "outlier", ou seja, temos uma evolução muito positiva dos indicadores de abandono escolar precoce e o Algarve tem um comportamento fora do normal e importa-nos analisar com mais profundidade o que está a passar-se neste momento. Não tenho ainda dados que nos permitam interpretar e identificar fatores, mas claramente é uma fonte de preocupação", afirmou João Costa.
Para já o ministro consegue avançar apenas que "há correlações com índices de pobreza nas áreas metropolitanas e também no Algarve".
No 1.º ciclo, por exemplo, as escolas do Norte aparecem com taxas de conclusão no tempo esperado mais elevadas, por oposição ao sul do país.