Processo a duas velocidades no território nacional. Ricardo Rio defende divulgação por município.
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A percentagem de população que já tomou as duas doses da vacina contra a covid-19 varia muito entre concelhos, pelo que o mapa da imunização do território nacional é desigual. Enquanto há territórios que já têm quase 5% dos residentes vacinados, há outros que não chegam a 1% e têm apenas algumas dezenas de habitantes imunizados. Os surtos ocorridos em lares justificam parte dos atrasos.
A Direção-Geral da Saúde não disponibiliza os dados do número de pessoas vacinadas em cada concelho e o boletim semanal com o relatório da vacinação apenas agrega os dados por região. Como tal, o JN questionou as câmaras municipais e os agrupamentos de centros de saúde (ACES) de alguns dos concelhos mais populosos do país e da Área Metropolitana do Porto, tendo chegado à conclusão de que há disparidades na percentagem de população vacinada até ao passado dia 14 de março.
Em Arouca, naquela data, havia apenas 15 pessoas que tinham tomado as duas doses, o que corresponde a 0,07% da população do concelho. Em sentido inverso, o total dos municípios que compõem o ACES do Baixo Mondego, de que fazem parte por exemplo Coimbra e Figueira da Foz, já têm quase 5% do total de residentes vacinados com as duas doses.
Recorde-se que Portugal tinha, até 14 de março, 3,3% da população vacinada com duas doses. Abaixo desta média estão concelhos como Póvoa de Varzim e Vila do Conde, que juntas têm 2,73% da população imunizada. O Porto tem 2,44%; Gondomar, 2,44%; Santo Tirso, 2,31%; Matosinhos, 2,22%; Braga, 2,03%; Lisboa, 1,98%; e Aveiro, 1,27%. No ACES que junta Gaia e Espinho, o número de vacinados com duas doses é de apenas 2097, o que representa 0,87% da população daqueles concelhos.
Ao JN, fonte da Administração Regional de Saúde do Norte assegurou que "a distribuição das vacinas é equitativa", no entanto o processo está atrasado em alguns concelhos "porque ocorreram surtos em lares de idosos" e só foi possível vaciná-los quando todos ficaram negativos.
Quase todas as câmaras do país criaram centros de vacinação para agilizar o processo das vacinas, mas nenhuma sabe a realidade das outras. "Já defendi que deveria existir uma plataforma de divulgação territorializada da realidade da vacina. Da mesma maneira que nós sabemos quantos infetados há em cada semana, em cada concelho, também saibamos quantas pessoas é que foram vacinadas", aponta Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga.
O presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, já tinha contestado a falta de vacinas, até porque muitas Câmaras "fizeram um investimento para poderem administrar". A região do Alentejo é a que tem maior percentagem da população com vacinação completa (6%). Segue-se o Centro ( 5%), o Norte, Algarve e Lisboa e Vale do Tejo (todas com 3%).