Dois casos suspeitos da hepatite aguda de origem desconhecida em Portugal terão chegado ao conhecimento das autoridades de saúde europeias por canais informais, antes de serem oficialmente reportados à Direção-Geral da Saúde. As duas crianças terão sido assistidas num hospital privado em abril, mas tiveram evolução clínica favorável. Em todo o mundo há mais de 200 casos.
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O último reporte da Organização Mundial da Saúde, feito esta terça-feira, aponta para um total de 228 casos de hepatite aguda de origem desconhecida em 20 países, a maioria europeus. Há ainda 50 casos suspeitos, uma morte confirmada e 18 crianças que precisaram de transplante de fígado.
Ao JN, o coordenador do Programa Nacional para as Hepatites Virais da Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou os dois casos suspeitos em Portugal, mas não indicou a unidade de saúde, nem a região em que as crianças foram atendidas. Rui Tato Marinho explicou que recebeu do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) um pedido de informação sobre casos que ainda não tinham sido notificados oficialmente. E, entretanto, tomou conhecimento dos mesmos. A falta de reporte pode dever-se, segundo o médico, à espera pelos resultados dos exames feitos.
A notícia foi avançada esta tarde de terça~feira pelo Expresso. Segundo o jornal, as duas crianças foram assistidas num hospital privado em abril com um quadro hepático viral sem causa identificada. A evolução clínica foi favorável e sem gravidade.
Rui Tato Marinho considera normal que surjam casos suspeitos em Portugal porque as unidades de saúde, alertadas para o surto, "estão a revisitar o último mês". De resto, salientou, todos os casos notificados até hoje são prováveis, uma vez que ainda não há uma definição internacional de caso confirmado porque a origem da doença é desconhecida.
"Máquina está montada"
Esta terça-feira de manhã, a diretora-geral da Saúde assegurou que Portugal ainda não tinha nenhum caso reportado, mas garantiu que a máquina está montada para permitir uma notificação imediata em situação de suspeita de doença.
"A DGS tem um organismo destinado a situações de alerta e, no âmbito deste, constituiu uma task-force que prevê captar toda a informação disponível e disseminar alertas pelos profissionais de saúde, para que possam estar atentos ao aparecimento de casos", disse Graça Freitas. Se aparecer um caso, adiantou, deverá ser, de imediato, notificado através de um formulário próprio para essa notificação e as autoridades de saúde procederão, de imediato, à investigação epidemiológica para tentar encontrar uma causa e uma cadeia de transmissão.