Há mais mulheres nas administrações das empresas portuguesas, mas ainda há um longo caminho a percorrer para chegar à média da União Europeia, admitiu Teresa Morais, secretária de Estado para a Igualdade.
Corpo do artigo
Há quatro anos, Portugal tinha 5% de mulheres nos conselhos de administração das empresas cotadas em bolsa, número que atualmente está nos 11%. A média da UE é de 21%, mas há países como a Noruega ou a Islândia que ultrapassam os 40%.
"Mesmo a crescer 2% ao ano precisamos de décadas para lá chegar", referiu Teresa Morais, durante uma visita ao Banco Carregosa, no Porto, a única instituição bancária do país liderada por uma mulher. Apesar da "vocaçao para letras", Maria Cândida Rocha e Silva, 71 anos, começou a trabalhar ao lado do pai, em 1970, na L.J. Carregosa, onde viria a desenvolver toda a sua vida profissional ligada ao setor financeiro.
No banco que lidera os euros não são os únicos números que contam. "Sob o aspecto da igualdade temos números muito simpáticos, muitas senhoras em lugares de chefia", comentou a banqueira com a secretária de Estado da Igualdade. Concretamente, no Banco Carregosa 43% dos cerca de 80 trabalhadores são mulheres, "muitas em cargos de chefia".
Algo que "aconteceu naturalmente porque não acho que as mulheres precisem de ser recrutadas só por serem mulheres", defendeu Maria Cândida Rocha e Silva.
Teresa Morais garante que "ninguém quer que se contratem incompetentes" .A sua missão é tirar "as pedras do caminho" das mulheres que merecem e querem assumir cargos de liderança, mas não conseguem pelo facto de serem mulheres. "O equilíbrio não está criado porque as pessoas não têm as mesmas oportunidades", referiu.
Horas antes de visitar o Banco Carregosa, Teresa Morais esteve na Sonae a assinar um protocolo pela representatividade das mulheres na administração. A empresa, liderada por Paulo Azevedo, comprometeu-se a manter acima de 30% a representação do género feminino no conselho de administração.
A presença de mulheres em cargos de liderança nas empresas é um indicador cada vez mais valorizado na Europa. Em 2012, a Comissão Europeia aprovou uma diretiva para que os Estados Membros garantissem uma maior presença feminina em cargos de decisão. O objetivo é que até 2020, 40% dos cargos de administradores das empresas europeias cotadas em bolsa sejam ocupados por mulheres.
A Alemanha, como explicou Teresa Morais, não quis esperar pela imposição da Comissão Europeia e adiantou-se impondo quotas de género nas administrações das empresas. A Suíça seguiu o mesmo caminho.
Em Portugal, o Governo aprovou medidas de promoção da presença plural nas administrações das empresas dos setores público e privado. Em junho deste ano, conseguiu que 13 empresas cotadas em bolsa se comprometessem em ter 30% dos cargos de administração ocupados por mulheres até ao final de 2018. A Sonae foi a décima quarta empresa a subscrever o acordo.