Um dos melhores bairros da Europa, nova estrela de Portugal, epicentro do noroeste peninsular, destino de eleição. Os elogios são de várias publicações internacionais de referência, que assim se referiram à cidade. O Bonfim foi o mais recente exemplo. Está no top ten europeu
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É o mais recente exemplo internacional de sucesso do Porto. A freguesia do Bonfim saltou para a ribalta há um mês, a 8 de fevereiro, quando foi considerada pelo "The Guardian" como um dos dez melhores bairros da Europa.
O jornal britânico foi à procura de spots fora da rota mais turística e encontrou no Bonfim um exemplo. Destacou a onda que está a mudar a face local, a boa rede de transportes públicos, os espaços criativos cada vez mais abundantes, a combinação entre tradição e modernidade que teima em resistir. "Com as rendas a subir em flecha no centro da cidade, este outrora enclave burguês está rapidamente a ser descoberto por uma multidão jovem e criativa", escreveu Oliver Balch, o jornalista do "The Guardian" que calcorreou o Bonfim e o colocou nas bocas do mundo.
Gonçalo Cardoso deixou-se atrair pelo Bonfim há dois anos. Tinha, com um irmão, uma carrinha de street food e procurava um espaço físico para alargar o negócio. Encontrou-o na Rua Morgado Mateus, "onde a renda é mais acessível do que na Baixa" e lançou-se à aventura. Inaugurou o Combi, onde torra café de grão de diversas proveniências numa máquina gigante, e tem nos estrangeiros "boa parte" da clientela. "O Bonfim é um sítio ótimo porque tem cada vez mais turistas que não apenas de passagem. Com o centro do Porto tão perto, perceberam que é uma área com muita oferta variada", conta Gonçalo. "Além de que cada vez mais se vê renovação de imóveis, antes muito degradados, mais lojas, mais galerias de arte, tudo", acrescenta.
É notório que os limites do centro do Porto deixaram de ser os Clérigos ou a Avenida dos Aliados
Cátia Roldão também preferiu fugir da azáfama e dos preços da Baixa portuense e encantar-se com as particularidades do Bonfim. Com um sócio, abriu há ano e meio o restaurante Pedro Limão, que aposta em cozinha personalizada assinada pelo chef que dá nome ao estabelecimento. "Quisemos ajudar a criar dinâmicas novas em zona onde essas não existiam, foi estratégico", pormenoriza ao JN Urbano. Nos andares superiores do prédio do restaurante estão a ser preparadas unidades de alojamento local que deverão estar funcionais antes do verão.
"Temos muitos clientes estrangeiros, nomeadamente franceses, norte-americanos, brasileiros e japoneses. É notório que os limites do centro do Porto deixaram de ser os Clérigos ou a Avenida dos Aliados", assinala.
Já fora do Bonfim mas lá bem perto, na Praça dos Poveiros, encontra-se a Casa Guedes, alvo de fortes elogios pelo "The Guardian" pelas sandes de pernil que atraem multidões. Mudou de proprietários no segundo semestre de 2019, alargou o espaço a mais uma casa, a poucos metros da original, e manteve a fama de sempre. "Ficámos muito honrados quando soubemos que tínhamos sido citados. Mas não podemos relaxar, há que continuar a trabalhar para manter a qualidade", orgulha-se Mário Alves, um dos gerentes.
Um caldeirão criativo, onde o sol e a culinária convidam os estrangeiros a instalar-se
A alusão do "The Guardian" ao Bonfim, comparando-o a locais em alta que agitam cidades tão diversas da Europa como Gotemburgo (Suécia), Bordéus (França), Valência (Espanha), Berlim (Alemanha), Varsóvia (Polónia), Praga (República Checa), Roma (Itália), Belgrado (Sérvia) e Paris (França), foi o mais recente destaque do Porto na imprensa internacional. Nos últimos anos, várias publicações de referência têm mencionado a Invicta em artigos de fundo, dando a conhecer segredos mais ou menos conhecidos que justificam visita urgente. E, em alguns casos, demorada.
Em janeiro, a "Monocle", revista internacional sediada em Londres, classificou o Porto como "um caldeirão criativo, onde o sol e a culinária convidam os estrangeiros a instalar-se". E considerou-o uma das 20 melhores cidades médias do Mundo onde viver. A mesma "Monocle" que seis meses antes inscrevera o Porto no rol dos "polos mais criativos" do momento.
Também a norte-americana "Vogue", no início de 2016, não poupou nas palavras. "Grande parte da arquitetura e design combina o gosto tradicional com a inovação contemporânea", escreveu a jornalista Madeleine Luckel. Mais recentemente, a edição italiana da mesma "Vogue", escreveu em tons garrafais: "Atenção, Lisboa: Há uma nova estrela em Portugal e chama-se Porto", sublinhando percursos na zona da Boavista, com particular evidência para a Casa da Música, e o quarteirão cultural de Miguel Bombarda.
Ideal para investir no imobiliário
O espanhol "Voz da Galicia" classificou a cidade como o "epicentro cada vez mais indiscutível" do Noroeste Peninsular, em janeiro de 2018. Comparando o Porto, em dimensão e habitantes, à galega Corunha, o jornal destacou a funcionalidade de estruturas como o Aeroporto Sá Carneiro, a rede de metro ou o porto de Leixões, este já em Matosinhos.
A "Forbes" (EUA), revista centenária guru no campo da economia, disse, no final do ano passado, que o Porto é ideal para investir no setor imobiliário, lembrando que o preço médio da habitação é "30% mais baixo do que em Lisboa" e as facilidades que os estrangeiros interessados em negócios no ramo encontram, sejam eles provenientes da União Europeia ou portadores de vistos Gold.
Outras referências podem ser encontradas na nova-iorquina "Travel + Leisure", especialista em viagens, que incluiu o Porto no top 15 das cidades europeias, equivalendo-o a destinos como Lisboa, Viena (Áustria), Barcelona (Espanha) ou Florença (Itália). E a britânica Wallpaper, revista que privilegia a arquitetura e design, fez um roteiro por edifícios singulares e traçou retratos de palavra escrita que os descreveram com minúcia e detalhe. Focou-se em projetos de reconversão urbana que fogem ao catálogo turístico, como casas reabilitadas na Rua do Paraíso e na Foz, e apontou o Porto como exemplo a seguir. O mesmo Porto que já é quase inevitável na Imprensa internacional.