Há pedaladas e corridas na antiga linha férrea entre Famalicão e Póvoa de Varzim
São cada vez mais os que utilizam a ciclovia entre Famalicão e a Póvoa de Varzim, sobretudo aos fins de semana, em atividades de lazer diversas. O troço com cerca de 30 quilómetros vai sofrer obras de beneficiação, com os utilizadores a reclamarem casas de banho e pontos de água ao longo do percurso
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A via ciclável que ocupa a antiga linha de comboio entre Póvoa de Varzim e Famalicão vai ser requalificada. Por este canal já é possível circular de bicicleta, mas carece de melhoramentos, não só ao nível do piso mas também de iluminação, sinalização nos cruzamentos e estruturas de apoio.
São maioritariamente ciclistas aqueles que utilizam a via, principalmente ao fim de semana, mas também há quem ali corra, faça caminhadas, peregrinações a Balasar, ou simplesmente a use para se deslocar. A necessidade de limpeza, iluminação, casas de banho e pontos de água são os aspetos mais focados pelos utilizadores.
Maria Araújo e o grupo de amigas estão de regresso a Famalicão, após a "volta" de bicicleta que costumam fazer na ciclovia que vai desembocar na Póvoa de Varzim. O percurso - que já foi a linha de comboio Famalicão-Póvoa - foi transformado em via ciclável há vários anos. Tem quase 30 quilómetros e atravessa várias freguesias de Famalicão (Louro, Outiz, Cavalões e Gondifelos) e da Póvoa de Varzim (Amorim, Terroso, Laúndos, Rates e Balasar) e vai ser requalificada.
"O piso asfaltado era o ideal, assim até podia trazer os meus filhos de 8 e 10 anos", vaticina Maria, enquanto explica que escolhem a ciclovia para pedalar porque conseguem "andar mais à vontade".
O piso podia estar melhor, comparativamente com outras ciclovias onde já fomos. Até Balasar está um bocadinho melhor, mas depois até à Póvoa está muito estragado
A circulação de bicicletas e peões é pacífica, mas intensa aos domingos de manhã. Quem a frequenta garante que aos fins de semana há muita mais gente, sobretudo ao domingo. Nestes dias, é usual ver muitos ciclistas em grupo, pais e filhos, e pessoas a caminhar e a correr.
Foi, aliás, num domingo que encontramos Maria e os companheiros. "O piso podia estar melhor, comparativamente com outras ciclovias onde já fomos. Até Balasar está um bocadinho melhor, mas depois até à Póvoa está muito estragado", acrescenta Carla Gomes, que segue no grupo de Maria.
Mas, as obras de fundo previstas para requalificar a ciclovia não abrangem apenas o piso. Contemplam outras necessidades. A pavimentação está prevista, assim como a colocação de iluminação, tratamento de taludes, sinalização, delimitação de uma faixa para bicicletas e outra para peões e informação sobre os motivos de interesse histórico, cultural, paisagístico e ambiental existentes ao longo do canal.
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"Casas de banho e pontos de água também eram necessários", acrescenta a ciclista Ana Gonçalves, enquanto explica que são estruturas essenciais para quem faz todo o percurso.
Só a limpeza seria suficiente, porque para o BTT o piso é bom assim
Marco Simões estava quase a terminar a corrida. Interrompemos-lhe o treino na zona de Gondifelos e Outiz, já quase em casa. Mas nem sempre corre, às vezes percorre a ciclovia de bicicleta. "Para correr, prefiro este piso porque é melhor para evitar as lesões e para os se estão a iniciar em BTT também é bom. Contudo, se olharmos para as pessoas em geral será melhor outro tipo de pavimento", refere.
Francisco Oliveira, também ele ciclista, vem de Viatodos percorrer a ciclovia "uma ou duas vezes por mês". Cruzou-se com a equipa do JN em Rates e o objetivo era o Monte de S. Félix, na freguesia de Laúndos. "Do lado de Famalicão, está sempre limpa mas, da parte da Póvoa, passamos uma zona e se estiver húmido molhamo-nos todos", acrescenta. "Só a limpeza seria suficiente, porque para o BTT o piso é bom assim", garante.
Desativada em 1995, a via-férrea que liga Famalicão à Póvoa de Varzim deu lugar a um percurso ciclável que vai agora sofrer uma intervenção de fundo. Cada município fará a empreitada na zona que lhe corresponde, mas a obra será uniforme. Cerca de 11 quilómetros são em território famalicense e 19 atravessam a Póvoa.
A Câmara de Famalicão aguarda o visto do Tribunal de Contas para começar a obra que está orçamentada em 1,9 milhões de euros. As obras deverão estar concluídas no próximo ano.
Uma família na estação
Ao longo do percurso existem estações e apeadeiros que ainda estão de pé, alguns a ser utilizados, como é o caso do de Barradas, no Louro, onde reside uma família. A de Rates está concessionada à Junta de Freguesia e funciona como sede dos escuteiros.
Já a estação de Fontainhas está devoluta e emparedada para evitar vandalismo. Segundo a Câmara da Póvoa de Varzim, a concessão do espaço já foi solicitada pela Junta e pela própria Autarquia, mas "tem esbarrado nas exageradas exigências financeiras da Refer". Por isso, diz a Câmara da Póvoa, a "musealização do espaço ficará, para já, adiada, destoando negativamente no contexto do canal convertido em ciclovia".
O município de Famalicão aguarda a oficialização da concessão das estações de Outiz e Gondifelos
