Dados da PSP e da GNR mostram que o número de ofensas corporais dentro das instituições aumentou face a 2020 e diminuiu face a 2019.
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Os núcleos da Escola Segura da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR) registaram 431 agressões em ambiente escolar ao longo do primeiro período deste ano letivo. Feitas as contas, entre 1 de setembro e 15 de dezembro de 2021 houve, em média, quatro ocorrências por dia nas escolas. O número de agressões no primeiro período é superior aos casos registados no período homólogo de 2020 (houve 390 registos) e menor face a 2019 (531 casos). Amanhã, assinala-se o Dia Internacional da Não Violência e da Paz nas Escolas.
A maioria das ocorrências passaram pelas mãos de agentes da PSP. Entre setembro e meados de dezembro, a PSP registou "361 ocorrências com ofensas corporais" nas escolas. Em 2020, nos primeiros três meses de aulas, tinham sido registados 312 casos e, em 2019, 531 situações. Já a GNR registou "70 agressões em ambiente escolar" no primeiro período, menos oito do que em igual período de 2020.
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional dos Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, acredita que a maioria das ocorrências registadas ao longo do primeiro período corresponde a situações de violência entre alunos e que, algumas das vezes, são problemas "trazidos de fora para dentro" das escolas. Ainda assim, considera que os casos têm "estabilizado ou decrescido".
"A minha perceção é que esses valores [ocorrência de casos de violência] estabilizaram ou decresceram em virtude das ações que as escolas têm junto dos seus alunos, em virtude do trabalho que o serviço de psicologia desenvolve e também do programa Escola Segura, que tem um conjunto de ações na sala de aula", explicou Filinto Lima.
Ao JN, tanto a PSP como a GNR frisaram que a violência em contexto escolar é "uma área temática de intervenção prioritária". Apostam, por isso, em ações de sensibilização e informação juntos dos estudantes, alertando para temas como o bullying, a autoproteção, a violência no namoro e a cidadania e não discriminação (ver caixa).
Para Manuel António Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, a presença das forças de segurança nas escolas "é fundamental". Não numa lógica de "imposição", mas para "ajudar a construir comportamentos civicamente equilibrados" em colaboração com a escola e com as famílias. Até porque, diz, por norma, "as crianças e os jovens respeitam as fardas".
"Nos últimos anos, a sensação que temos é que os casos de comportamentos menos corretos não têm baixado. A ideia que tenho é que são menos graves do que há uns anos", referiu Manuel António Pereira, recordando que "o problema do bullying, das agressões e dos comportamentos desviantes é antigo".
"Não é de agora. A sociedade à volta da escola reflete-se sempre na escola", acrescentou.
PSP/GNR
Mais de 500 mil assistiram a ações de sensibilização
Nos últimos oito anos letivos, como forma de "prevenção e dissuasão de comportamentos associados à violência em contexto escolar", a PSP realizou 22 197 ações de sensibilização nas escolas para o bullying, a violência nas escolas e no namoro e a autoproteção, abrangendo 501 910 participantes. Já a GNR, a par das ações de sensibilização, dispõe nos seus postos territoriais de uma sala de apoio à vítima, salas às quais "estão alocados militares com formação especializada" e "que desempenham um papel essencial no acompanhamento personalizado às vítimas".