O urso-pardo que anda pela Parque Natural de Montesinho (PNM), em Bragança, comeu cerca de 50 quilos de mel em dois apiários de Luís Correia, produtor da aldeia de Vilarinho, que não se aborreceu com o prejuízo, pois a sua presença no Montesinho "é tão inacreditável que parece mentira", explicou ao JN. Confessa que apesar do prejuízo está contente com a sua presença.
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Mas nem todos são tão otimistas como ele em Vilarinho. Os mais velhos nem acreditam que ande um urso por ali, porque nunca se ouviu tal coisa antes. "Eu nunca vi nenhum e já tenho 84 anos", diz Luís Fernandes, que confessa estar contente com a possibilidade de haver um novo habitante no parque. Mais cautelosa, Maria Rosa, 75 anos, vai dizendo que os ursos "não fazem falta, porque já temos os prejuízos dos veados".
A pensar no futuro, Carlos Fernandes, 64 anos, considera que o urso pode dar mais visibilidade ao parque mas não vai resolver o seu estado de abandono. "Não é o urso que vai mudar isto. O que pode haver é prejuízos para os apicultores. Espero que o Estado promova a segurança das pessoas e evite que tenham prejuízos", considerou.
Apicultor e empresário, Luís Correia admite que se os ataques aos apiários passarem a ser recorrentes "será necessário arranjar uma solução", mas não reclama indemnizações.
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Há cerca de duas semanas, numa ronda pelos apiários, Luís Correia foi surpreendido. "No primeiro ataque, não percebemos que tinha sido um urso. Verificámos que num deles, junto ao rio Baceiro, havia uma rede tombada, faltava uma viga e uma colmeia, mas a tampa estava no chão. Vimos a colmeia a 30 metros sem mel. Pensei que tinha sido um animal pouco habitual", contou.
Intrigado, porque a colmeia cheia pesa cerca de 40 quilos, deu conhecimento ao Instituto de Conservação da Natureza (ICNF). No dia seguinte, um técnico constatou que teria sido um animal pesado. "Duas noites depois, ocorreu novo ataque noutro apiário e a análise confirmou que era o urso", referiu.
O ICNF já esteve na aldeia a fazer o levantamento de todos os apiários. "Para que possam vir a ser protegidos com vedação elétrica e evitar que o urso os destrua", acrescentou o habitante Carlos Fernandes.