O Sindicato dos Trabalhadores na Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte acusou anteontem a CUF e a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) de obrigarem os trabalhadores a fazer 12 horas por dia, tendo a CUF afirmado que cumpre a lei. Em causa estão empregados de limpeza, auxiliares de ação médica e rececionistas.
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"O grupo CUF deixou de pagar às empregadas de limpeza o trabalho ao domingo como trabalho suplementar. Foi uma das retiradas de direitos. Há várias, esta é uma delas. Deixou de pagar os feriados a 200%, que é o que está acordado, e paga apenas a 100%. Também obriga os trabalhadores a trabalhar 12 horas consecutivas, diárias, obrigatórias", disse à Lusa a dirigente sindical Vânia Cardoso.
A APHP lembra que assinou um novo contrato coletivo de trabalho com a UGT em junho e que está "disponível para continuar a trabalhar" com os sindicatos na melhoria das condições de trabalho. Ora, Vânia Cardoso considera que a UGT "não tem representatividade no setor" e que o acordo de junho "prevê uma série de retiradas de direitos aos trabalhadores".
A sindicalista fala num "corte no subsídio de turno, no pagamento dos feriados, na progressão na carreira e no complemento de seguro, entre outros", bem como a criação de um "banco de horas e adaptabilidade de horário até 12 horas diárias que obriga os trabalhadores a fazer 12 horas consecutivas".
"Em 48 horas, podem obrigá-los a trabalhar sem o consentimento dos trabalhadores", referiu, no fim de várias ações de luta em vários hospitais privados no Porto e em Vila Nova de Gaia, que decorreram nas últimas semanas.
CUF "cumpre a lei"
Contactada pela Lusa, fonte oficial da CUF refere que "o Hospital CUF Porto cumpre escrupulosamente com as regras decorrentes da legislação laboral, assim como do contrato coletivo de trabalho aplicável e não se revê nas acusações" do sindicato.
O setor da hospitalização privada vive "uma excelente situação económica", adianta o sindicato, com mais 10% de consultas do que em 2023, mais 5% de partos, mais 15% de exames e mais 12% RX e um crescimento de 11,6% nas receitas, atingindo um total de 2,5 mil milhões de euros".