Hospitais são a "casa" de centenas de pessoas que não têm para onde ir
Pelo menos 267 pessoas estão internadas em 12 hospitais a aguardar por uma resposta social ou por uma vaga na rede de cuidados continuados. Misericórdias têm pedidos semanais.
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Apesar de terem alta clínica, pelo menos 267 pessoas permanecem internadas em 12 hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) enquanto aguardam por uma vaga numa resposta social ou na Rede Nacional de Cuidados Continuados. Algumas esperam há mais de um ano por um lugar numa instituição que lhes permita deixar a cama hospitalar. O protelamento da alta por razões sociais traz “constrangimentos no normal fluxo de doentes”, nomeadamente para os que necessitam de uma cama de internamento após serem admitidos no serviço de urgência. E tem impacto, também, nos próprios utentes. O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APHP) alerta, por exemplo, para o risco de contraírem infeções.
A curto prazo, para reduzir o número de internamentos inapropriados - em março, data do último barómetro da APHP, eram 1675 -, Xavier Barreto considera ser necessário reforçar as vagas em respostas sociais. Mas esta não é a solução para o longo prazo. Xavier Barreto defende uma rede integrada de apoio aos idosos e às famílias (ler ao lado). Também Alexandra Duarte, assistente social e diretora do serviço social do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, pede “respostas [sociais] de maior proximidade” e “mais adequadas ao passar dos tempos”, que poderão traduzir-se num apoio domiciliário integrado e centros de dia com horários mais alargados, de forma a auxiliar os familiares.