O Hospital de S. Bernardo está em risco de perder especialidades, se não receber investimento para renovar os equipamentos obsoletos e contratar especialistas.
Corpo do artigo
O alerta é da Ordem dos Médicos, que organiza hoje um debate em Setúbal, onde é apresentado um documento de chefes de serviço da unidade hospitalar que põe em causa a "idoneidade formativa", ou seja, a capacidade de formar novos especialistas.
No documento apresentado e discutido esta manhã no Auditório Charlot, é descrito, a título de exemplo, que a especialidade Anatomia Patológica conta com apenas com uma médica especialista, com 60 anos. Seriam necessários "mais quatro assistentes hospitalares por forma a conseguir assegurar a sua continuidade e idoneidade formativa".
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, considera que as lacunas existentes "comprometem a capacidade de resposta desta unidade de referência na zona Sul do país". A rutura permanente do serviço de urgência, os problemas nos meios complementares de diagnóstico, e a criação de condições atrativas para os atuais e novos profissionais estão também entre os principais alertas. No documento, é referido que os Cuidados Intensivos estão aquém do rácio de camas críticas recomendado, mantendo a mesma estrutura e capacidade de internamento de sete camas desde a sua inauguração em 1985.
No caso de Ginecologia/Obstetrícia, que conta com dez médicos, alguns em horário parcial, deviam existir 23 médicos especialistas com horário completo.
saída de cinco oncologistas
Oncologia tinha, em janeiro de 2019, seis especialistas e, ao longo dos últimos 18 meses, saíram cinco. No internamento, seguem os diretores, estão atribuídas ao serviço de Oncologia sete camas, o que levou a que a taxa de ocupação superasse os 175%.
Na Urgência, existe carência de recursos humanos numa área subdimensionada para fazer face a uma procura média diária de 250 utentes.
A médio prazo, alertam os diretores, é previsto o agravamento da carência de médicos, uma vez que a média etária dos médicos especialistas é elevada.
Os médicos pedem, ainda, a reorganização dos espaços e a ampliação do hospital de forma a acolher o serviço de Ortopedia.