O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) assinalou esta quarta-feira a conclusão da formação da primeira equipa de 40 sapadores bombeiros florestais que irão trabalhar na prevenção e combate a incêndios.
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Em baldios no concelho de Góis, no interior do distrito de Coimbra, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, pôde assistir aos trabalhos de gestão de combustível por parte da primeira equipa de sapadores bombeiros florestais ao serviço do ICNF.
Este é um contingente inicial de um processo que tem como meta 600 operacionais distribuídos por todo o país, disse aos jornalistas o presidente do ICNF, Nuno Banza. Entretanto, está a decorrer um concurso para o recrutamento de mais 60 membros, a que se seguirá um outro concurso com mais 50 vagas, realçou.
"Esta é uma força especializada que vai tornar o território mais resiliente [na época fria] e que, na época quente, está disponível, em conjunto com outros meios, para ajudar a combater, utilizando técnicas específicas de combate a incêndios rurais que têm resultados muito relevantes nesse combate. Depois, intervêm também no pós-evento, não só nas manobras de rescaldo, como de recuperação das áreas ardidas", realçou Nuno Banza.
Segundo o responsável do ICNF, o primeiro concurso tinha 100 vagas abertas, mas foi apenas possível recrutar 40, porque "jovens com menos de 25 anos não superaram as provas físicas". "Isto devia-nos pôr a pensar: Como é que um jovem com menos de 25 anos não consegue fazer um número mínimo de flexões ou abdominais ou corrida", disse, referindo que houve mais de 150 candidatos nesse primeiro procedimento.
Nuno Banza salientou ainda a estratégia de prevenção ativa que a instituição tem assumido, muitas das vezes em parceria com outras entidades, como municípios, comunidades intermunicipais ou associações de produtores florestais. "2022 é um ano em que o país está mais preparado do que no passado. Mas este é um trabalho contínuo e não depende apenas de nós, mas de todos", afirmou.
Governo realça importância da prevenção de fogos para alcançar metas ambientais
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, realçou esta quarta-feira que Portugal só atingirá as metas ambientais que traçou caso consiga reduzir o número de fogos rurais.
"Os fogos rurais têm um conjunto de efeitos muito negativos para toda a sociedade, desde dramas humanos às consequências económicas e sociais, mas também o papel muito prejudicial que têm do ponto de vista ambiental. Nós não vamos conseguir atingir as nossas metas ambientais se não conseguirmos diminuir o número de fogos rurais", disse o ministro, que discursava numa sessão de apresentação do trabalho de prevenção desenvolvido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), na Lousã, distrito de Coimbra.
Duarte Cordeiro realçou o "papel central" do ICNF na estratégia nacional de prevenção de fogos, considerando que esse trabalho está diretamente relacionado com o sucesso coletivo quer na prevenção de incêndios quer no seu combate.
Para o ministro, é fundamental Portugal diminuir a sua área ardida e, por consequência, aumentar a sua capacidade florestal. "Não podemos concentrar toda a atenção na diminuição das emissões de gases poluentes, mas também dar atenção à capacidade que o país tem como sumidouro [de carbono, onde a floresta assume uma especial preponderância]", frisou.
Nesse sentido, Duarte Cordeiro considerou que quando se olha para uma árvore não se deve ter apenas em atenção o seu potencial económico, mas também a importância ambiental. "A árvore é tronco, mas também é copa", notou.
Para mostrar esse trabalho de prevenção, o ministro deslocou-se ao concelho de Góis e ao trabalho de cogestão que o ICNF faz juntamente com baldios locais de um vasto conjunto de terrenos. No local, pôde ver trabalhos de limpeza de terrenos, criação de aceiros e uma encosta que tinha sido tratada recentemente com recurso a fogo controlado.
Em declarações aos jornalistas, o ministro destacou que o trabalho de prevenção que está a ser feito vai permitir "diminuir o impacto" de futuros incêndios. No entanto, realçou que esse trabalho exige uma "atenção coletiva", caso contrário não se vai registar os resultados esperados.
Antes, na Lousã, o vogal do ICNF Nuno Sequeira destacou que em 2021 houve um aumento de 75% na execução da rede primária e faixas de interrupção de combustível (7.336 hectares) face a 2021, registando-se também aumentos significativos na criação de mosaicos de gestão de combustível (16 mil hectares), área tratada com fogo controlado (3.942 hectares) e nos caminhos florestais (criados mais 4 mil quilómetros).