Estudo mostra que no último ano de vida as idas às urgências são frequentes. Formação específica pode ajudar a evitar hospitalizações.
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Mais de metade dos idosos residentes em lares em Portugal (52,3%) acabam por morrer no hospital e a maioria (82,4%) recorre frequentemente às urgências no último ano de vida. Os resultados são de um novo estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) que analisou os cuidados de fim de vida prestados, entre setembro de 2018 e fevereiro de 2020, a 176 idosos residentes em sete lares da União das Misericórdias Portuguesas espalhados pelo país, e que tinham, em média, 86 anos quando morreram. Os investigadores relacionam os resultados com a falta de um planeamento da morte que envolva a vontade dos idosos e dos familiares, bem como de uma formação específica para ajudar as equipas dos lares a tomar a melhor opção para os residentes.
Embora seja habitual as pessoas quererem morrer no local em que residem, seja em casa ou num lar, a vontade entra em conflito com “uma cultura em Portugal de que a melhor opção possível para o doente é ir para o hospital para receber cuidados hospitalares”, explica, ao JN, Helena Bárrios, investigadora na FMUP e uma das autoras do estudo. Segundo a investigadora, a realidade em Portugal é semelhante à de outros países do Sul da Europa, mas os números são elevados quando comparados com países nórdicos, anglo-saxónicos e o Canadá, “sociedades onde há uma maior discussão sobre a morte e orientações para discutir os cuidados de fim de vida com os doentes e a família”.