Centenas de idosos, reformados e pensionistas manifestaram-se, esta quinta-feira, por todo o país para reivindicarem melhores condições de vida. Apelam a uma maior segurança para o futuro, melhores acessos à saúde pública e pensões e reformas mais altas para fazer face ao atual custo de vida.
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A MURPI - Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos organizou várias ações por todo o país, que reuniram centenas de pessoas durante esta quinta-feira, com o objetivo de exigir ao Governo mudanças para melhorar a vida dos mais velhos.
No Porto, junto à estação de metro da Trindade, várias vozes gritavam "a reforma é um direito, sem ela nada feito", enquanto exibiam cartazes, faixas e bandeiras com frases a reclamar os seus direitos.
"Os idosos estão aqui hoje porque precisam de um melhor Serviço Nacional de Saúde, precisam de melhor alimentação, que está cara, precisam de melhor mobilidade e transportes. Temos um Governo de costas voltadas para a realidade, para o povo e para aqueles que necessitam de apoio", afirma Conceição Mendes, reformada.
Entre os vários apelos, alguns dos pontos principais são a manutenção do cabaz de bens essenciais a IVA Zero, com redução e controlo de preços, e o aumento das pensões e reformas para fazer face ao custo de vida, pois são muitos os idosos com dificuldade para comprar comida e pagar contas.
Mais respostas na saúde
Além disso exigem ao Governo um maior investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), um acesso equitativo em todos aos serviços e a gratuitidade de medicamentos essenciais.
"Tenho 49 anos de descontos e nem o salário mínimo nacional ganho", afirma Manuel Mendes. Reformado, tal como a mulher, garante que as duas reformas juntas não chegam para todas as despesas. "Temos de nos saber governar com aquilo que temos mas às vezes até evito tomar a medicação porque o dinheiro não chega para tudo", sublinha.
A representante da MURPI, Manuela Morais, garante que "há muitos idosos que não têm possibilidades de comprar medicamentos". "Nós apelamos que aqueles reformados que tenham reformas muito baixas possam ter medicamentos gratuitos", acrescenta.
Numa fase da vida em que estão mais isolados, situação que a pandemia veio agudizar, alertam para a necessidadde de um maior apoio psicológico. "Não há uma retaguarda ao nível dos cuidados de saúde primários, nomeadamente na saúde mental", alerta Manuela Silva.
Garantias para o futuro
A reformada, com 75 anos, vive sozinha e assume que a maior preocupação prende-se com o futuro. "Eu vivo sozinha e estou bem. Mas e quando não estiver, como é que vai ser? Não sabemos o que é que nos pode acontecer e precisamos de respostas do Governo para os nossos problemas", afirma.
Uma dos apelos da MURPI é a criação de uma rede pública de equipamentos sociais que garantam dignidade e respeito para todos os idosos que não tenham outra alternativa que não seja ir viver para um lar e, o alargamento da rede de cuidados continuados.
"Os nossos filhos, neste momento, não têm possibilidades para nos darem apoio", alerta a representante da MURPI.