<p>A Igreja Católica em Portugal, logo após o 25 de Abril de 1974, teve a sabedoria de não alinhar na formação de qualquer partido político que usasse a confessionalidade para ganhar adeptos e votantes. Felizmente, não vingou qualquer partido católico, deixando os cristãos livres para avaliar, na sua consciência e formação cívica e política, que partidos estariam mais próximos ou mais distantes dos princípios e valores que defendem.</p>
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De vez em quando, há quem sonhe com a eventualidade da cobertura da Igreja a partidos políticos ou da indicação de voto nas eleições. A Igreja, porém, na generalidade, tem sabido ser prudente, limitando-se à formação ética e espiritual dos católicos para que sejam eles a fazer as suas escolhas, livres e plurais, e ninguém a imputar-lhes a consciência.
Conjunturalmente, aparece quem tente puxar a brasa à sua sardinha. Um dos últimos casos terá sido provocado por uma entrevista do patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, que não gostou que o presidente da República aprovasse os casamentos de homossexuais, augurando que o seu voto contra lhe garantiria a reeleição. Alguns terão sonhado e talvez ainda persistam no desejo de convencer os católicos a buscar alternativa a Cavaco Silva. São livres, mas não devem atrelar-se à voz dos bispos ou a qualquer sentido único dos católicos. Foi isso que, por outras palavras, disse, há dias, claramente o presidente da Conferência Episcopal, D. Jorge Ortiga: a Igreja não se irá intrometer, "o mínimo que seja", nas eleições presidenciais. Afirma inclusive que "não gostaria de ver o nome de 'católico' envolvido nestas coisas".