<p>Decorrerá em Paris, nos próximos dias 24 e 25 de Março, um encontro entre crentes e não-crentes, numa iniciativa do novo organismo do Vaticano, "Pátio dos Gentios", criado pelo Conselho Pontifício da Cultura (CPC) para "favorecer o intercâmbio" de ideias.</p>
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O CPC, presidido pelo cardeal Gianfranco Ravasi, escolheu Paris para três colóquios sobre "Religião, luz e razão comum", na sede da UNESCO, na Universidade de Sorbonne e na Academia de França. Depois dos colóquios, haverá uma mesa-redonda no Colégio dos Bernardinos.
Está também prevista uma "festa" especialmente pensada para os mais jovens, tendo como tema "No pátio do desconhecido", que vai ter lugar na catedral Notre Dame, no dia 25 de Março, com "música, espectáculos e um encontro de reflexão", seguindo-se, para quem quiser, uma vigília de oração e uma meditação.
O "Pátio dos Gentios", recorda-se, evoca o espaço homónimo que, no antigo Templo de Jerusalém, hospedava os não judeus.
O Conselho Pontifício para a Cultura, segundo as tarefas definidas, em 1988, por João Paulo II, tem como missão promover as relações entre a Santa Sé e o mundo da cultura, "a fim de que a civilização do homem se abra cada vez mais ao Evangelho e os cultores das ciências, das letras e das artes se sintam reconhecidos pela Igreja como pessoas ao serviço da verdade, do bem e do belo".
A ideia de criar um espaço de encontro para crentes e não-crentes viria a ser proposta por Bento XVI em 21 de Dezembro de 2009, durante um discurso à Cúria Romana. "Acho que a Igreja também deve abrir hoje uma espécie de 'átrio dos gentios', onde os homens possam entrar em contacto com Deus de alguma forma, sem conhecê-Lo e antes de terem encontrado o acesso ao Seu mistério, a cujo serviço está a vida interna da Igreja", afirmava o Papa.
"Ao diálogo com as outras religiões deve ser adicionado hoje sobretudo o diálogo com aqueles para quem a religião é algo estranho, para quem Deus é desconhecido e, apesar disso, não gostariam de estar simplesmente sem Deus, mas abordá-Lo pelo menos como desconhecido", esclarecia, lançando um novo desafio do seu ministério surpreendente.
O Átrio dos Gentios pretende organizar encontros noutras cidades do Mundo, em torno de temas fundamentais, tais como as questões antropológicas: vida e morte, bem e mal, amor e dor, verdade e mentira, transcendência e imanência, entre outros.