A Igreja Católica vai encomendar uma sondagem para recolher as expectativas, críticas e questionamentos da sociedade portuguesa em relação à sua actuação, incluindo no estudo a população com outras referências religiosas.
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A pesquisa, que vai decorrer em 2011 e será confiada à Universidade Católica, revela a vontade da Igreja querer "ver o mundo onde se situa, para, às suas perguntas, responder o melhor que pode e sabe", afirma o porta-voz da Conferência Episcopal (CEP), padre Manuel Morujão. Confrontado com a eventualidade de os resultados da sondagem sugerirem a necessidade de alterações na orgânica e na doutrina, frisa que "a Igreja deve considerar-se sempre em estado de conversão", pelo que "não tem medo das mudanças".
O estudo de opinião é um dos eixos do projecto "Repensar a Pastoral da Igreja em Portugal", que visa, entre outros objectivos, inverter o decréscimo de participação nos sacramentos e nas celebrações litúrgicas, e travar a diluição dos critérios evangélicos.
A análise da realidade portuguesa em que a Igreja está envolvida passa também pela auscultação dos seus organismos internos, processo que ganhou novo impulso, na passada terça-feira, quando o presidente da CEP, D. Jorge Ortiga, assinou um documento programático do projecto. O texto, a enviar às principais estruturas da Igreja, estabelece um calendário, apresenta sugestões práticas e enuncia os organismos diocesanos que devem ser consultados durante o processo, nomeadamente o conselho pastoral e o conselho presbiteral. A evolução dessa sondagem interna dependerá de cada bispo, se entender consultar os organismos e paróquias, além das estruturas antes referidas, para que o resultado exprima uma reflexão que nasce da base, para ser mobilizadora.
Com aquela iniciativa, a Igreja reunirá os contributos das suas diversas instâncias, para definir opções para os próximos anos e combater a dispersão de recursos causada pelas prioridades diferenciadas definidas pelas várias estruturas eclesiais. Pretende-se olhar o futuro, com algumas prioridades para toda a Igreja. "Espera-se uma Igreja que se apresente como corpo, e não tanto como partes desse corpo, como são as dioceses, paróquias, movimentos, congregações religiosas e outras associações", diz Manuel Morujão, ao mesmo tempo que se procura assegurar o "respeito da individualidade" de cada um desses órgãos.