Com templos abertos, há quem defenda que eucaristias já não devem continuar a ser transmitidas através das redes sociais, mas os apoiantes pedem até mais investimento.
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"A Igreja Católica tem que incentivar as paróquias a investirem em tecnologia para que possam transmitir com dignidade eucaristias e várias cerimónias pela internet", propõe o padre Júlio Grangeia, pároco de Espinhel, Óis da Ribeira e Travassó, em Águeda, que não é pacífica entre o Clero.
Depois da primeira quarentena em 2020, a Igreja mandou fechar as portas dos templos a 23 de janeiro deste ano e incentivou a aposta em "ofertas celebrativas transmitidas em direto por via digital". Mas a quarentena já terminou, as igrejas, envoltas em medidas de segurança, já reabriram e as cerimónias religiosas voltaram a ser presenciais e muitas paróquias continuam a transmitir a missa através das redes sociais.
"Já havia missas online antes da pandemia, mas não são para substituir as eucaristias presenciais", disse, ao JN, o padre Manuel Barbosa, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
"O correto são as celebrações nas igrejas, com a presença das pessoas. A transmissão online é um recurso alternativo que deve ser considerado apenas como uma alternativa", frisou.
Lotação limitada
Em Braga, Paulo Terroso, reitor dos Congregados e responsável pelo Departamento de Comunicação da Diocese, refere que "mesmo durante o encerramento das igrejas, não era absolutamente necessário transmitir todas as eucaristias em todas as paróquias". "A lotação das igrejas está limitada mas nunca podemos esquecer que não há celebração dos sacramentos através das redes sociais e que a celebração acontece no espaço litúrgico", explicou.
Em Águeda, a experiência do padre Júlio Grangeia é "muito positiva". "Tenho sempre um aparelho no altar para ir lendo as mensagens e os comentários que as pessoas vão escrevendo nas redes sociais durante a transmissão", explicou o sacerdote que, no ano 2000, instalou uma rede digital de serviços integrados para poder transmitir, em tempo real, um casamento para o Brasil.
Casamento visto no Brasil
"Os noivos queriam que a família assistisse ao casamento e a forma encontrada foi essa", recordou o sacerdote. Agora, as missas são vistas por pessoas na Austrália, no Canadá, na Califórnia e no Brasil, para além de muitos países da Europa. "Não é apenas uma transmissão, porque as pessoas participam. Na Oração dos Fiéis, por exemplo, leio sempre pedidos escritos por pessoas que estão em vários locais", referiu o padre Júlio, acrescentado que "para além dos paroquianos de Águeda", tem "paroquianos virtuais" espalhados pelo mundo.