<p>Uma medida que "facilitasse" a participação de muitos milhares de pessoas nas celebrações religiosas presididas pelo Papa Bento XVI seria "muito bem-vinda". Os bispos "negoceiam" com o Governo a possibilidade de uma tolerância de ponto localizada.</p>
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"Contamos que o Governo possa tomar medidas que facilitem a participação de todos" nas cerimónias religiosas que vão ocorrer de 11 a 14 de Maio próximo, aquando da visita de Bento XVI a Portugal, afirmou o padre Manuel Morujão.
Segundo o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) a Igreja "já manifestou" este desejo junto do Governo, nomeadamente nas reuniões preparatórias da visita do Papa a Portugal, que têm ocorrido desde há algum tempo. "A visita decorre de terça a sexta-feira que não coincide com dias de folga habituais ou feriados", lembrou o responsável, admitindo que o assunto "já foi abordado", não havendo até ao momento nenhuma decisão.
Para o porta-voz da CEP "qualquer medida que facilitasse a participação de todos seria bem vinda", quer seja "tolerância de ponto ou feriado". E coloca mesmo a hipótese de ser decretada a tolerância de ponto de uma forma pontual. Ou seja, para Lisboa nos dias que o Papa (11 e 12 de Maio) ali se encontrar, depois para a diocese de Leiria e Fátima (12 e 13) e no dia 14 para o Porto.
As declarações de Manuel Morujão aos jornalistas antecederam o início do retiro dos bispos portugueses, que decorre em Fátima até à próxima sexta-feira. O grande ausente é o bispo do Funchal, Madeira, que "neste momento tem grandes preocupações", esclareceu o responsável.
Ontem à tarde, o conselho permanente da CEP esteve reunido e aprovou uma nota pastoral sobre a visita do Papa a Portugal. No documento, os bispos exortam a população a participar nas cerimónias religiosas, nomeadamente nas celebrações eucarísticas marcadas para dia 11 no Terreiro do paço, em Lisboa, dia 12 e 13 no Santuário de Fátima e no dia 14 na Avenida dos Aliados, no Porto.
Nesse sentido foi feito um apelo às dioceses por forma a que estas "promovam e facilitem a participação" dos fiéis nas eucaristias, e nos encontros sectoriais que Bento XVI irá realizar nos quatro dias que estará em Portugal.
Lembrando que o pontífice "vem para acolher e abraçar todos" e que "ninguém é excluído independentemente da religião", os bispos pedem aos católicos "para colocarem esta visita nas intenções de oração pessoal e comunitária".
"O Papa vem reavivar a nossa fé através de um encontro mais consciente com a Palavra de Deus, dando às nossas comunidades um rosto missionário" e "vem dinamizar a nossa esperança para podermos abrir caminhos de solução às dificuldades e crises que a nossa sociedade atravessa", refere a nota pastoral.
No documento, os bispos lembram que a presença do Papa no país "revigora a caridade e fortalece a nossa unidade através de um projecto de pastoral comum, acolhido por todas as comunidades, como intuito de poder responder às alterações civilizacionais em que vivemos".
"Queremos apelar a todos, para que não deixem que esta visita do Santo Padre se esgote num mero acontecimento passageiro, porventura muito participado e festivo, mas que seja antes uma semente que germine e dê frutos de renovação espiritual, apostólica e social", referem os bispos.