A Iniciativa Liberal (IL) considera que o Governo "nunca assume responsabilidades" e que está a fazer dos médicos um "bode expiatório", na sequência das mortes por covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz. O partido criticou a entrevista de António Costa ao "Expresso", dizendo ser "inaceitável" que "o primeiro-ministro afirme que as Ordens Profissionais não existem para fiscalizar o Estado".
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Em comunicado, a IL refere que todas as instituições têm "o direito e até o dever" de fiscalizar as ações do Estado, "sobretudo no caso de uma Ordem quando está em causa atuação de profissionais que regula". Para o partido, as críticas de Costa à Ordem dos Médicos (OM) revelam a "prepotência" do PS. "Todos os que fiscalizam o trabalho do Governo e exigem responsabilidades ao mesmo são confrontados com uma atitude intimidatória e muitas vezes persecutória do executivo socialista", lê-se.
A IL exige que o primeiro-ministro assuma responsabilidades pela morte de 18 utentes de um lar de Reguengos de Monsaraz, infetados com covid-19, e que peça desculpa aos familiares das vítimas. No entanto, considera que "o Governo está mais preocupado em defender a ministra [do Trabalho e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho] e os seus do que com a segurança dos idosos em lares onde há vários surtos".
Governo está a "desvalorizar" mortes de Reguengos
O partido revela a sua "enorme preocupação" com a "troca de acusações e a escalada de afirmações incendiárias a que se tem assistido", argumentando que o Executivo está a "desvalorizar" a situação do lar de Reguengos e a alimentar "escaramuças verbais", em vez de "esclarecer as circunstâncias em que os factos ocorreram e adotar medidas urgentes para prevenir situações futuras".
"Os médicos, a quem deveríamos estar agradecidos pelo seu trabalho exaustivo sobretudo durante o pico pandémico, voltam a ser o bode expiatório", escreve a IL. "Sempre que há tragédias o Governo nada sabe. Sempre que há tragédias o Governo parte para o confronto e nunca assume responsabilidades".
Este sábado, em entrevista ao "Expresso", António Costa criticou a OM por ter elaborado um relatório sobre o surto de covid-19 no lar de Reguengos. "As ordens profissionais existem para regular o exercício da actividade dos seus profissionais. Ponto. Não existem para fiscalizar o Estado", sustentou o primeiro-ministro.
Em resposta, Miguel Guimarães, Bastonário da OM, disse ao JN que "esta é a pior altura" para Costa "abrir uma guerra com os médicos".