O presidente da IL, Rui Rocha, disse este domingo ter sido desafiado pela “direção e lideranças” do PSD para uma coligação pré-eleitoral nestas legislativas, mas recusou porque não é um “partido apêndice”.
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“Quando soubemos que a legislatura ia acabar, que a moção de confiança não ia ser aprovada, tivemos enormes manifestações de desejo que a IL se integrasse noutro tipo de plataforma”, afirmou Rui Rocha em declarações aos jornalistas durante uma visita a uma exploração agrícola no concelho do Cartaxo, distrito de Santarém.
O líder da IL disse não estar a falar “forças vivas”, numa alusão a declarações do presidente do Chega, André Ventura, nas últimas legislativas, mas de “coisas concretas”.
“E a IL disse que o seu compromisso é com os portugueses, porque, na altura, a interpretação que fizemos é que o país só muda com uma IL que se apresenta a eleições e sai reforçada dessas eleições para, depois, podermos puxar o país para as soluções”, disse.
Interrogado sobre quem, dentro do PSD, é que manifestou essa vontade de coligação pré-eleitoral com a IL, uma vez que não foram “forças vivas”, Rui Rocha respondeu: “Quem tem a capacidade e a possibilidade de liderar a direção e as lideranças”.
Foram “as lideranças do PSD e tenho a certeza que não dirão o contrário, que confirmarão”, referiu.
O líder da IL foi ainda questionado sobre as declarações do presidente do CDS-PP, Nuno Melo, que, este sábado, disse que a coligação do seu partido é com “o PSD, não é com mais ninguém”.
Rui Rocha disse sentir que os portugueses “desejam uma IL forte para mudar o país”, razão pela qual o partido decidiu ir sozinho a eleições, apesar de reiterar que houve “muito quem quisesse” que se integrasse “noutro tipo de solução”.
“Nós dissemos aos portugueses que podem contar com a IL para mudar o país e isso só fazia sentido, só era consequente, indo sozinhos. Agora, nós não somos um partido apêndice, temos as nossas ideias, temos programas concretos para Portugal, soluções para a habitação, saúde, agricultura”, disse.
Clarificar se PS admite acordos com PCP e BE
O líder da IL desafiou hoje o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, a clarificar se admite acordos com o BE e PCP após as eleições, considerando que são partidos que estão fora do espetro democrático.
“No caso hipotético, improvável - e que, na verdade, não vai acontecer, mas creio que temos de ser transparentes -, como é que se relaciona com o PCP? Como é que se relaciona com o BE, que quer trazer medidas como os tetos às rendas que vão trazer ainda menos soluções para o mercado de arrendamento, que falharam em todo o lado?”, perguntou.
Rui Rocha foi questionado se partilha das declarações do ex-líder da IL João Cotrim Figueiredo que, esta manhã, criticou dirigentes do PS por considerarem que os partidos de direita são todos “farinha do mesmo saco”. O líder da IL, Rui Rocha, afirmou que essas posições do PS traduzem, “por um lado, desespero, porque quem tem soluções para o país foca-se mais nas soluções” e, por outro, “representa também alguma infantilidade democrática”.
“É evidente que quem tem bom senso na avaliação das questões percebe que as propostas sobre a mesa de partidos como a IL e de outros são completamente diferentes”, disse, contrapondo que também poderia dizer que Mariana Mortágua, Pedro Nuno Santos e Paulo Raimundo “são farinha do mesmo saco”.
“Não faço essa afirmação porque percebo as diferenças. Há uma área do socialismo, chamemos-lhe assim, que é democrática, há uma outra área que não é democrática e não se revê em princípios de organização democrática da sociedade: quer planeamento central, soluções de partido único, soluções que, quando foram testadas, levaram à tragédia”, disse.
Rui Rocha acusou Pedro Nuno Santos de “incluir no mesmo saco soluções completamente diferentes”, no que se refere à direita, voltando a considerar que isso se trata de uma “infantilidade democrática”, porque “uma coisa é ele entender que tem uma visão política diferente”, outra é misturar projetos.
“E Pedro Nuno Santos dá-se bem, e fez a negociação da ‘geringonça’ com Mariana Mortágua, com Paulo Raimundo, ou com quem estava no PCP antes de Paulo Raimundo e no poder no BE antes de Mariana Mortágua. É isso que Pedro Nuno Santos deve escolher”, desafiou.