Impacto das prestações sociais na redução da pobreza é metade da média da UE
Pior do que Portugal, só mesmo a Roménia. Em 2023, os 10% mais ricos ganhavam 8,9 vezes mais do que os 10% mais pobres.
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Num país onde 1,8 milhões de pessoas vivem com menos de 632 euros por mês e onde mais de dois milhões estão em risco de exclusão social, o impacto das prestações sociais, excluídas as pensões, na redução daquela condição fica-se por menos de metade da média da União Europeia (UE). Apesar da redução da taxa de pobreza em quatro décimas para os 16,6%, em 2023, em Portugal, os 10% mais ricos continuavam a ganhar 8,9 vezes mais do que os 10% mais pobres. Naquele que é o quatro país mais desigual da UE.
Em 2022, de acordo com a análise feita pelo economista Carlos Farinha Rodrigues para a Fundação Francisco Manuel dos Santos, expurgando as pensões de velhice e de sobrevivência, “na UE, o impacto atenuador das transferências sociais sobre a taxa de pobreza era de 8,6 pontos percentuais [pp] enquanto em Portugal era menos de metade (4,2 pp)”. “Fraco desempenho” que o especialista em assuntos de pobreza e desigualdade atribui, por um lado, à abrangência dos apoios, na medida em que “o peso das prestações sociais baseadas em condições de recursos (…) é claramente inferior no nosso país ao valor médio da UE”. E, por outro lado, a uma eficácia “igualmente menor” em Portugal.